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Presidente da Supremo Corte de Bangladesh renuncia por pressão

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Decisão se deu após uma multidão de estudantes exigir sua saída durante protestos
Forças Armadas montam guarda em frente à área do Supremo Tribunal em Dhaka Foto: EFE/EPA/MONIRUL ALAM

O presidente do Supremo Tribunal de Bangladesh renunciou neste sábado (10), após uma multidão de estudantes exigir durante protestos a saída do mais alto juiz do país, imerso em uma crise institucional após a renúncia da primeira-ministra Sheikh Hasina.

– O nosso presidente do Supremo Tribunal se demitiu. Sua carta de demissão já chegou ao Ministério da Justiça. Vamos enviá-la ao presidente sem demora – disse em um vídeo publicado em sua conta no Facebook o assessor responsável pelo Ministério da Justiça do governo interino, Asif Nazrul.

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– Esperamos que seja processado muito rapidamente, em poucas horas – acrescentou.

Centenas de estudantes se concentraram neste sábado na porta da sede do mais alto tribunal para dar um ultimato aos juízes, a quem acusam de tentar um golpe judicial para restaurar a ex-premiê de Bangladesh, que controlou o poder de uma forma autoritária por 15 anos.

– Existem algumas formalidades para a renúncia. Assim que as tiver concluído, enviarei a minha carta de demissão ao presidente Mohammed Shahabuddin esta tarde – disse o juiz Obaidul Hassan, acrescentando que sua demissão é para o benefício de todos os membros da corte.

Questionado sobre se outros juízes do Supremo Tribunal também renunciariam, o presidente judicial respondeu:

– Essa seria a decisão deles – noticia o jornal bangladeshiano “Daily Star”.

Segundo os manifestantes, Hassan representa a influência da mandatária forçada a renunciar na última segunda (5), após semanas de protestos antigovernamentais, que foram fortemente reprimidos e levaram a confrontos que deixaram ao menos 400 mortos, segundo relatório da Agência EFE.

– Já tínhamos pedido anteriormente a demissão do presidente do Supremo Tribunal. Se ele se posicionar contra os estudantes e o povo e os provocar, terá de enfrentar consequências terríveis – disse o coordenador do movimento estudantil antidiscriminação, Abdul Hannan Masood.

O regresso às ruas, depois de dias de aparente calma e da nomeação de um governo interino, deve-se ao fato de que “os juízes de Hasina quererem dar hoje um golpe judicial, dando a impressão de que ela não tinha renunciado”, disse à EFE o manifestante Sabit Hasan, estudante do Notre Dame College, em Daca.

– Esses juízes tendenciosos devem renunciar. Enquanto não renunciarem, continuaremos protestando – acrescentou.

Os protestos deste sábado ocorrem após o filho da ex-premiê, conhecida como a “dama de ferro” de Bangladesh, Sajeeb Wazed, ter garantido que Hasina não se demitiu formalmente, e sugerido seu possível regresso ao país.

Embora o Supremo Tribunal tenha validado neste sábado o governo interino do país, liderado pelo vencedor do Prêmio Nobel Muhammad Yunus, que tomou posse na última quinta (8), cumprindo a exigência dos estudantes, o tribunal convocou uma reunião plenária dos juízes que os manifestantes interpretaram como irregular.

*EFE/PLENO NEWS

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