Uma ligação telefônica foi o último contato entre o adolescente Adersson Freitas Nascimento Filho, de 15 anos, e a mãe antes que ele desaparecesse no mar de Fortaleza na tarde do domingo (4). O jovem sumiu depois que um instrutor de caiaque orientou que ele nadasse até a areia sem usar colete salva-vidas, na Praia de Iracema. O corpo dele foi encontrado nesta terça-feira (6).
Segundo a mãe da vítima, a empregada doméstica Márcia Maria Lima Caetano, o jovem tinha o hábito de ir à praia com os amigos. A última interação entre eles foi quando ela ligou para o filho na tarde do domingo, por volta das 15 horas, quando ele já estava na Praia de Iracem
“Eu disse: ‘Adersson, tu vem pra casa cedo porque amanhã tu vai ter aula’. Aí ele só disse assim: ‘Relaxe, vai dar certo’. Pronto, foi a última vez que eu ouvi a voz dele”, contou a mãe em entrevista à TV Verdes Mares.
O adolescente desapareceu no mar depois que ele e outros amigos estavam em um caiaque. Segundo informações da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, ele e outros três adolescentes haviam embarcado no equipamento e foram orientados pelo instrutor a nadarem em direção à faixa de areia sem usar colete salva-vidas.
Adersson não sabia nadar e não conseguiu chegar até a areia, ficando desaparecido desde a tarde do domingo. As buscas foram realizadas pela Companhia de Mergulho do Corpo de Bombeiros Militar.
Corpo foi encontrado
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Família do adolescente que morreu afogado em Fortaleza faz reconhecimento do corpo — Foto: Kilvia Muniz/TV Verdes Mares
Segundo Márcia Maria, a notícia de que um corpo do filho havia sido encontrado, na manhã desta terça-feira (6), chegou quando ela se deslocava para a praia para acompanhar mais um dia de buscas.
O corpo havia sido encontrado na areia por volta das 7 horas da manhã, nas proximidades do Mercado dos Peixes, na Praia do Mucuripe. Ela e outros familiares de Adersson foram até a sede da Perícia Forense do Estado do Ceará para realizar o reconhecimento do corpo.
“A gente tinha esperança de encontrar ele ainda com vida, mas infelizmente Deus levou”, afirmou a mãe.
Ela explicou que o filho não praticava aulas de caiaque. Segundo a mãe, o instrutor teria pedido ajuda dos adolescentes para empurrarem o equipamento. Em seguida, os jovens teriam pedido para subir no caiaque por curiosidade.
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Corpo de jovem de 15 anos que desapareceu no mar foi encontrado próximo à Praia do Mucuripe — Foto: Arquivo/SVM
Os familiares pedem justiça e esperam que o instrutor seja responsabilizado pela morte do adolescente. Eles afirmam que o instrutor foi informado de que a vítima não sabia nadar.
“Eu tô simplesmente sem comer desde domingo, da hora que eu recebi a notícia. Só uma mãe sabe a dor de perder um filho”, comentou na manhã desta terça-feira.
A empregada doméstica já tinha perdido outro filho, que tinha 16 anos quando faleceu em agosto de 2017. Adersson deve ser sepultado nesta quarta-feira (7) no Cemitério Parque Bom Jardim, em Fortaleza.
A escola Professora Adalgisa Bonfim Soares, do bairro Conjunto Esperança, publicou uma nota de pesar pelo falecimento de Adersson. “Nossas condolências aos familiares e amigos por essa perda irreparável”, diz a nota.
Instrutor foi solto após audiência
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Bombeiros fizeram buscas por adolescente que desapareceu no mar da Praia de Iracema, em Fortaleza. — Foto: Brenda Albuquerque/ SVM
Após audiência de custódia, o instrutor de caiaque foi solto nesta segunda-feira (5). Ele havia sido autuado em flagrante por tentativa de homicídio na tarde do domingo (4), tendo sido conduzido até o 2º Distrito Policial por uma equipe do Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas.
No Auto de Prisão em Flagrante, ao qual o g1 teve acesso, o instrutor teria solicitado que os jovens deixassem a embarcação para não levar multa.
“Os autos revelam que adolescentes estavam na canoa havaiana guiada pelo custodiado, que teria ordenado a saída dos menores para não sofrer multa, assumindo o risco do fato delituoso”, diz um trecho do documento.
Durante a audiência, a juíza de Direito restituiu a liberdade do instrutor mediante o cumprimento de medidas cautelares pelo prazo de dez meses.
Entre essas medidas estão não poder se ausentar de Fortaleza por mais de oito dias sem informar o local onde poderá ser encontrado; comunicar eventual mudança de endereço e comparecer a todos os atos processuais.
G1 CE