Turista francesa morre praticando kitesurfe em praia cearense
A Lagoa do Cauípe, no Ceará, não está apta, no momento, para a prática de esportes aquáticos, especialmente o kitesurf, segundo o professor de educação física, bombeiro civil e professor da modalidade, Ícaro Cavalcante. Na última quinta-feira (16), uma turista francesa morreu no local após sofrer um acidente enquanto praticava o esporte.
A turista francesa Marybel Le Pape, de 30 anos, morreu, na quinta-feira (16), após sofrer um acidente enquanto manuseava o equipamento e ficou com ferimentos na cabeça e fratura exposta na perna. Testemunhas afirmaram que ela perdeu o controle do equipamento e bateu em uma barraca antes de atingir o solo.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/A/s/Da6ImbRJOVrz5xb4SOog/francesa.jpg)
Kitesurfista francesa Marybel Le Pape, de 30 anos, morreu em acidente no Ceará — Foto: Arquivo pessoal
O local fica a cerca de 49 km de Fortaleza, e é um dos principais pontos do litoral de Caucaia. A lagoa reúne diversos praticantes de esportes aquáticos, especialmente os kitesurfistas, devido às condições de vento próprias à prática.
Segundo Ícaro Cavalcante, os praticantes assíduos de kitesurf da região não estão utilizando a lagoa atualmente por conta do pouco volume de água no local. O Cauípe tinha um sangradouro, mas devido às chuvas, esse sangradouro se abriu e a água vazou para o mar.
“Não estamos usando a lagoa, pois ela está com pouca água e se torna perigoso à prática de aulas para iniciantes. Infelizmente foi uma fatalidade que poderia ter sido evitada, caso ela estivesse acompanhada por um profissional. Com certeza esse profissional não a deixaria utilizar o equipamento no local”, afirmou.
Ícaro Cavalcante apurou com amigos que trabalham na Lagoa do Cauipe que ela praticava o esporte perto de barracas e estacas, o que também é perigoso.
“Faltou para a turista um gerenciamento de risco do local. Uma lagoa com pouca água, barracas e estacas não seria um lugar apropriado”, completa.
Equipamentos inapropriados
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/3/p/RHN5imS4AJ9TKt29vqjg/lagoa-do-cauipe.jpg)
Lagoa do Cauípe no momento está com pouca água. O que deixa a prática do esporte perigoso, segundo os especialistas. — Foto: Ícaro Cavalcante/Arquivo pessoal
Ícaro Cavalcante apurou ainda que a turista não utilizava um kitesurf ideal para o seu tamanho e acredita que a francesa não recebeu nenhuma aula antes de utilizar o aparelho.
“Também tenho a informação de que ela usava um kite muito maior do que seria para o peso dela, e isso pode ser perigoso quando há muito vento. Com isso, podemos entender que a moça era inexperiente no esporte e estava se aventurando sozinha”, afirmou o profissional.
LEIA MAIS:
Sobre a importância de praticar após aulas com instrutores, Ícaro Cavalcante acredita que se ela tivesse buscado orientação poderia ter evitado o acidente. Por exemplo, o uso do “sistema de segurança”.
“O kitesurf é um esporte seguro, desde que o praticante conheça e tenha treinado todos os sistemas de segurança. No caso dela, da turista francesa, ela não acionou o sistema de segurança que faria o kite perder toda a força em questão de segundos. Existem duas etapas. Primeira o kite desprende da pessoa e fica preso apenas por uma linha chamada ‘linha de segurança’. Essa linha é responsável por ‘matar’ a força do kite, fazendo ele cair sem puxar o praticante. Esse sistema pode ser rapidamente acionado pela pessoa”.
Curso de segurança
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2024/2/R/IAQBA1QHGnBf9JKaLBxw/lagoa-2.jpg)
Lagoa do Cauípe em Caucaia é local de praticantes de kitesurfe. Hoje ela está quase seca. — Foto: Ícaro Cavalcante/Arquivo Pessoal
O especialista reforça da importância de procurar um profissional antes de praticar o kitesurf. Ele explica que hoje existe o desinteresse dos praticantes de fazer curso extensivo de segurança. Nele são abordadas várias dicas de como se prevenir de acidentes.
“Hoje o aluno paga o curso e quer logo pular etapas. O aluno quer chegar logo no final. Ele quer velejar e não presta atenção nestas partes de segurança até quando um dia ele precise”.
G1 CE