Dias após a publicação do marco regulatório do transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, a Abrati, que reúne em torno de 112 das mais relevantes empresas regulares do setor, anuncia que suas associadas irão investir mais de 2,5 bilhões em 2024.
Trata-se do mais relevante investimento já feito no setor que, em 2023, emitiu cerca de 60 milhões de passagens para cidadãos que usam o transporte principalmente para fins de trabalho e lazer. Portanto, um serviço essencial para a economia brasileira. Em termos de empregos, o setor abranje em torno de 140 mil pessoas em toda a sua ampla cadeia.
O marco regulatório e a consequente segurança juridica são as ancoras que faltavam para o estímulo a uma massa de investimenos antes jamais projetada para o setor.
“A segurança jurídica necessária para realizar os investimentos está presente na nova normativa, que apesar de algumas imperfeições contempla as premissas essenciais ao transporte público de qualidade” afirma Paulo Porto Lima presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros.
O investimento anunciado já está em pleno andamento. São os casos, por exemplo, dos diversos contratos fechados com os fabricantes de chassis Mercedes Benz, Scania e Volvo e os fabricantes de carrocerias Marcopolo, Buscar e Comil, as mais utilizadas no segmento.
Além da frota, investimentos em tecnologia, cada vez mais importante para a eficiência do setor e o conforto dos usuários, também serão alavancados. A reportagem apurou que novas gerações de aplicativos para monitoramento da demanda, revenue management e análise da concorrência devem tornar as demandas mais previsíveis, permitindo o planejamento mais eficaz e, portanto, os preços do serviço ainda mais competitivos.
Como bem lembra Porto Lima, “planejamento e operações mais eficazes em veículos mais modernos evitam desperdícios de recursos. Também tornam as operações mais ecológicas e, seguramente, passam a atender importantes demandas que se tornam cada vez mais uma preocupação mundial”.
Nesse sentido, acrescenta Paulo Porto a simetria concorrencial vai permitir uma competição saudável e segura para o consumidor e para o empresário. “Um, por que terá a certeza da continuidade de serviços cada vez melhores. O outro, por que terá o elemento da previsibilidade e poderá fazer também os investimentos desejados em fontes alternativas de energia para as instalações, projetos sociais, formação profissional e contratações. Enfim, toda uma gama de projetos que agora são desbloqueados”.
Quem ganha com isso não é somente o viajante. Nos úlimos dois anos, dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), indicam que foi significativamente alta a quantidade de admissões relacionados ao setor.
No entanto, a associação virtuosa das novas regras contidas no marco com o montante projtado de novo investimentos, permitirá um crescimeno de 30% na quantidade de vagas de emprego. Deve-se considerar ainda que essas vagas não são geograficamente concentradas.
“No bojo das novas contratações, vão ingressar no setor não somente motoristas e mecânicos, mas especialmente novos profissionais nas áreas de desenvolvimento tecnologico, comunicação, publicidade, RH e cultura. Áreas que prometem trazer ao mercado boas oportunidades, sobretudo porque as empresas de ônibus tendem a abrir vagas não apenas para capitais e grandes centros econômicos. Afinal, há uma gama de empresas que situam-se em cidades fora desse eixo. Ainda a considerar o fato de os serviços se espalharem pelo Brasil do litoral ao rural.”
Para e ter uma ideia da relevância dos transporte terrestre de passageiros no desempenho de um setor vital da economia, o Mapa do Turismo Brasileiro registra que das 2.542 cidades turisticas, 89% são atendidas pelo transporte rodoviário regular o que deverá absorver parte dessa atenção operacional.
“A Abrati prevê um ano de muito otimismo e caminhos desobstruídos para o segmento, agora é aquecer os motores pois a chave já foi virada” encerra o presidente da entidade.
FOCUS.JOR