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O projeto Flor de Lis nasceu quando amigas descobriram que um projeto de distribuição de alimentos ficaria sem voluntários — Foto: Arquivo Pessoal
No ano de 2020, o trabalho de distribuição de sopas organizado pelas irmãs capuchinhas em Fortaleza estava prestes a parar por falta de voluntários. O motivo era o medo de contrair a covid-19 durante a pandemia, além da diminuição das doações. Um grupo de amigas soube da situação e se juntou para assumir a tarefa de servir sopa às pessoas necessitadas na Grande Messejana.
Foi dessa primeira ação que surgiu o Projeto Flor de Lis, que depois se desdobrou em outras atividades voltadas para a comunidade do Conjunto São Bernardo. Até hoje, o grupo continua abraçando a causa da distribuição dos alimentos. Por semana, as voluntárias recebem uma doação de 400 pães para acompanhar a sopa.
Uma das participantes do projeto é a psicóloga Teresa Morano, mais conhecida como Têca Morano. Ela explica que o projeto Flor de Lis ainda não tem local fixo, mas se faz presente na sede geral das Irmãs Missionárias Capuchinhas, na Messejana, oferecendo também outros tipos de ajuda.
O grupo passou a ofertar serviços à comunidade dentro das habilidades de cada voluntária. Têca, por exemplo, promove reuniões semanais para atendimento terapêutico gratuito com 13 mulheres da região. Esse braço do projeto se chama “A Cura pelo Amor”.
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Visitas feitas pelo grupo de mulheres beneficiadas pela ação “Cura pelo Amor”, do projeto Flor de Lis — Foto: Arquivo Pessoal
A cada mês, elas fazem também uma visita a uma família escolhida na comunidade, levando alimentos e momentos de convivência, principalmente através da música. “Foi um momento escolhido por elas pra que a gente pudesse compartilhar com outras pessoas o que elas têm recebido nas terças-feiras”, explica a psicóloga.
Junto às mulheres, ela conduz o atendimento para oferecer um suporte afetivo e emocional das participantes, acolhendo as experiências e os sofrimentos partilhados por elas em cada encontro. A ideia é aumentar a qualidade de vida a partir da escuta terapêutica e da vivência com o grupo.
“É incrível como pequenos gestos podem mudar o rumo de uma vida. E a gente vê na prática como isso acontece, como elas se sentem queridas e amadas, como aumentam a motivação a cada dia. Nesses pequenos encontros semanais, a gente percebe mais vontade de viver, o fortalecimento da fé e da esperança e mais atitudes de compaixão”, avalia Têca.
Para a psicóloga, que atualmente tem 42 anos, ajudar os outros é um alimento para a própria alma. Isso se confirma nos diversos trabalhos levados adiante pelo projeto Flor de Lis.
Outras atividades
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O projeto articula diversas atividades na Grande Messejana contando com doações e com o trabalho de voluntários — Foto: Arquivo Pessoal
Os serviços ofertados pelo projeto junto ao Conjunto São Bernardo buscam promover três aspectos principais: alimentação digna, saúde integral e capacitação profissional. Dentro do grupo social, existem vários braços para alcançar esses objetivos.
Durante a pandemia, as amigas do grupo organizaram oficinas de curta duração para auxiliar as pessoas da comunidade a encontrar fontes de renda. Nas oficinas, eram partilhadas as habilidades de culinária (para fazer bolos e salgados) e diversos produtos e serviços (como sabonetes, esfoliantes naturais, peças bordadas, design de sobrancelha e maquiagem).
Conforme Têca Morano, a ideia foi apontar caminhos em um período de desemprego para muitas pessoas da região. Outras ações vieram com o tempo, como os “dias da beleza”, os bazares anuais e as festas em datas comemorativas. O grupo também faz momentos de integração com outros lares e grupos que têm trabalhos sociais na região.
Dentro do projeto, existem as atividades que são permanentes. A ação “Adote um sorriso”, realizada pela dentista Juliana Benevides, é um exemplo. Nela, o atendimento odontológico gratuito prioriza casos graves e urgentes das pessoas da comunidade.
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Uma das atividades do Projeto Flor de Lis é o atendimento odontológico gratuito para a comunidade — Foto: Arquivo Pessoal
O grupo inclui também a ação “Transforme dor em amor”, com a fisioterapeuta Andrea Pedron. O objetivo é facilitar o acesso dos moradores aos benefícios da fisioterapia, com reabilitação motora e orientações sobre a postura.
São realizadas, ainda, outras ações com os conhecimentos dos voluntários dentro do projeto OfereSER, com aulas de alfabetização, grupo terapêutico para homens e oficinas de crochê.
“Quem tiver o coração aberto pra isso, pode contatar esses projetos. Nós estamos de braços abertos para receber voluntários que queiram disponibilizar seu tempo e compartilhar seus dons, suas habilidades”, afirma a psicóloga.
É possível também apoiar o projeto com doações e contribuições em dinheiro.
Um caminho de solidariedade
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Grupo terapêutico do Projeto Flor de Lis é voltado para mulheres da Grande Messejana, em Fortaleza — Foto: Arquivo Pessoal
Participar de ações solidárias foi um aspecto que começou cedo na vida de Têca Morano. Como conta, esse olhar para o outro com compromisso e compaixão foi incentivado pelos pais, Tetê e José Morano, que tinham atuação em causas sociais. Assim, ela considera que começou a se sensibilizar de forma espontânea.
Quando cursou a graduação em Educação Física, ela conseguiu colocar em prática o que aprendeu com os pais. Junto a um professor, ela participou de um projeto que ensinava vôlei para crianças da Comunidade do Dendê, na Escola Yolanda Queiroz.
“Era um projeto muito bonito, pois elas [crianças] tinham a oportunidade, de maneira muito lúdica, de experimentar a prática do voleibol, de ter aquele momento de bem-estar e alegria. Elas recebiam um lanchinho nos dias em que havia o treino, o uniforme e o tênis. Estávamos sempre em busca de patrocínios de melhorias para a nossa escolinha”, recorda Têca.
Quando cursou Psicologia, ela também procurou se engajar em causas sociais. Ela passou a coordenar um grupo terapêutico no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes. O público era específico: os cuidadores de pessoas com doença pulmonar obstrutiva crônica.
Como explica, estas pessoas geralmente têm baixa renda e precisam de um suporte psicológico para acompanhar os pacientes. O grupo ajudava a fortalecer cada cuidador, ajudando a manter firme a lida com os pacientes e buscando diminuir o sofrimento emocional dessa rotina.
“Quando o cuidador passa a conhecer a doença a fundo, ele experimenta um momento de compaixão, de se colocar no lugar do outro. E lança um olhar mais amadurecido diante da realidade. E diante de tudo, se fortalece. Melhora também a relação entre paciente e cuidador”, ressalta a psicóloga.
Para Têca, a motivação pessoal para fazer o bem está em colocar suas habilidades a serviço de quem mais precisa. Assim, ela acredita que consegue compartilhar o que tem aprendido na trajetória acadêmica e profissional, além de externar o que há de melhor dentro de si.
G1 CE








