Investimento total será de R$ 571 bilhões.
Escrito por
Milenna Murta*milenna.murta@svm.com.br
A Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará receberá pelo menos cinco data centers, um da empresa Bytedance e outros quatro da Exportdata. O conjunto de empreendimentos formará o que o mercado tem chamado de “Green Digital Hub”, em português, Polo Digital Verde.
O nome está relacionado à proposta do projeto, que prevê um investimento total de R$ 571 bilhões, sendo R$ 81 bilhões destinados a iniciativas que envolvem energia limpa e sustentável, segundo o setor. Os cinco data centers foram aprovados na segunda-feira (3) pelo Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE).
Somente as quatro instalações da Exportdata Company somam R$ 349 bilhões. Estão incluídos nesse aporte a infraestrutura, os equipamentos e a implantação de geração própria de energia eólica e solar.

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Machidovel Trigueiro Filho, Secretário Municipal de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico de Caucaia (SETEC), aponta que os quatro projetos da empresa buscam proporcionar a prestação de serviços de data centers para o mercado externo.
Se juntarmos os quatro [data centers] da Exportdata, eles não são “menores” do que o do TikTok. Pelo contrário, há mais que o dobro em investimentos. Na verdade, eles compõem, junto com o projeto da Bytedance, o núcleo do que o governo está chamando de “Green Digital Hub” no PecémMachidovel Trigueiro Filho
Secretário Municipal de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico de Caucaia
Quem está por trás dos 4 data centers?
O nome da Exportdata está ligado aos projetos do ponto de vista de serviços exportáveis, como aponta Machidovel. Entretanto, também foram aprovadas outras quatro empresas, chamadas de CDV DC I, II, III e IV, que aparecem como responsáveis pela parte de infraestrutura e gestão de T.I para as unidades.
O Grupo Casa dos Ventos (CDV), voltado à construção de soluções sustentáveis, está responsável pelas quatro CDV DC. Portanto, apesar da Exportdata ser a empresa central dos projetos, o Grupo CDV é a firma parceira que promoverá a estrutura física, a energia e a infraestrutura.
Estrutura e cronogramas
O início das operações para os quatro data centers está previsto entre os anos de 2027 e 2032, com a instalação de um “campus de hiperescala” que contará com várias unidades físicas integradas dentro da ZPE do Pecém.
Após a aprovação do CZPE no dia 3 de novembro, a construção da estrutura está, agora, em fase de pré-obra.
O próximo passo, portanto, é buscar as devidas autorizações: o Licenciamento Ambiental, com a Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace); as licenças urbanísticas e os alvarás de construção, tratados com o município de Caucaia e seus determinados órgãos.
Em paralelo, a empresa está, também, na etapa de engenharia de detalhe, ou seja, as especificidades técnicas necessárias para dar início às obras.
Somando o período de instalação e de operação, estima-se gerar cerca de 95 mil empregos diretos e indiretos. A grande maioria, segundo Machidovel, deve se dar durante a construção das estruturas, apesar de ser a fase de funcionamento que trará os cargos mais qualificados.
O que está na mira da Exportdata?
Ainda não há informações sobre quem podem ser os clientes finais dos data centers, mas é sabido que a empresa não busca ter um único exportador. Conforme Machidovel, ao contrário do projeto da Bytedance, “o perfil aprovado [da Exportdata] é de data centers multiempresa voltados à exportação”.
O que as pessoas precisam entender é que Data Center também é um negócio de “Real Estate” [mercado imobiliário], onde os clientes pagam, também, pela locação dos espaços seguros – com latência – e para deixarem seus provedores e grandes computadores em locais segurosMachidovel Trigueiro Filho
Secretário Municipal de Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico de Caucaia
Futuros projetos na ZPE do Pecém
Ao todo, as aprovações fornecidas pelo CZPE na segunda-feira (3) configuram o seguinte panorama:
- 4 data centers da Exportdata;
- 1 data center da Bytedance;
- 4 CDV DC, voltados para a infraestrutura dos data centers da Exportdata;
- 1 planta de Amônia Verde, proposto e projetado pela Casa dos Ventos (CDV Pecém).
O que é o projeto de Amônia Verde?
Trata-se de uma unidade industrial de amônia verde, projeto complementar de infraestrutura energética que, junto aos data centers da Exportdata, formará um “grande ecossistema, mas com finalidades diferentes”. O investimento é de R$ 12 bilhões, segundo Machidovel.
Ele explica que a amônia verde garantirá “energia limpa, estável e exportável, ao mesmo tempo em que viabiliza o abastecimento verde dos data centers do complexo”, e é parte do “pacote de infraestrutura energética que a Casa dos Ventos está construindo para alimentar todo o complexo”.
*Estagiária sob supervisão do jornalista Hugo R. Nascimento.
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