O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem dívidas no valor de pelo menos 315 milhões de dólares (cerca de 1,03 bilhão de reais), segundo sua própria declaração de interesses apresentada neste mês de junho e certificada e publicada na sexta-feira, dia 16 de junho, pelo Escritório de Ética Governamental. O principal credor do presidente é a filial norte-americana do Deutsche Bank, com 130 milhões (cerca de 426 milhões de reais). Trump declarou bens no valor de pelo menos 1,4 bilhão de dólares (cerca de 4,5 bilhões de reais).
O santo graal da política e do jornalismo nos Estados Unidos é a declaração de impostos de Donald Trump. O atual presidente se recusou a tornar pública essa declaração como pré-candidato, como candidato e já na Casa Branca, rompendo com quatro décadas de tradição de transparência. Só com esses papéis é possível ter uma ideia completa de seus possíveis conflitos de interesses.
Ter uma imagem exata de seus recursos é especialmente relevante em seu caso, pois é o primeiro presidente que não vem da política, mas de um império imobiliário e de entretenimento com ramificações em todo o mundo. O relatório revela que até 19 de janeiro de 2017, um dia antes de tomar posse como presidente, Trump integrava 565 empresas, a maioria nos Estados Unidos, mas também na Escócia, Irlanda, Canadá, Brasil, Bermudas e outros lugares.
Diante da falta dessa fonte de informação, o público só tem a declaração voluntária de bens apresentada pelo presidente ao Escritório de Ética Governamental. No relatório de 98 páginas publicado ontem, Trump revela pelo menos 594 milhões de faturamento entre o ano de 2016 e a primeira parte de 2017. O total de seus bens tem um valor de pelo menos 1,4 bilhão de dólares (4,5 bilhões de reais).
O relatório, que pode ser consultado online, não revela valores exatos dos bens, as dívidas e a receita. As cifras são expressas em faixas como “entre 100.000 e 1.000.000” ou “mais de 50 milhões”, o que desenha uma imagem pouco precisa da situação financeira do presidente.
A principal fonte de receitas de Trump é seu complexo de golfe National Doral em Miami, que neste período lhe rendeu 115,9 milhões de dólares (pouco mais de 380 milhões de reais). O relatório também revela que o último negócio de Trump, um hotel no centro do poder de Washington, lhe rendeu 20 milhões de dólares (65,6 milhões de reais) em seus oito meses de funcionamento, desde setembro.
O antigo Old Post Office, que hoje se chama Trump International Hotel, está sob suspeita de ser o centro do lobismo da Casa Branca e o lugar em que ficam preferencialmente as delegações diplomáticas. Trump enfrenta um processo exatamente porque esse tipo de receita pode ser considerada pagamentos de Governos estrangeiros, o que é inconstitucional.
Da última vez que Trump apresentou um informe de bens foi durante a campanha, em apenas algumas folhas nas quais se dizia que sua fortuna era de 10 bilhões de dólares (32,8 bilhões de reais). Sempre se suspeitou que esse número fosse exagerado, em parte pela própria história do personagem.
EL PAÍS