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Quase totalmente mecanizada, lavoura de cana tem caminhão sem motorista

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Quase totalmente mecanizada, lavoura de cana tem caminhão sem motorista

Divulgação
Volvo apresenta caminhão autônomo para colheita de cana
Volvo apresenta caminhão autônomo para colheita de cana

ESTELITA HASS CARAZZAI
ENVIADA ESPECIAL A MARINGÁ (PR)


O boia-fria ficou no passado: com 85% da colheita já mecanizada no país, produtores de cana de açúcar buscam máquinas com tecnologia autônoma, que atuam sem motorista, para aumentar a precisão da colheita e diminuir o impacto ambiental.

As leis estaduais que estabelecem o fim da queima de cana —prática altamente poluente, mas quase obrigatória para a colheita manual, por facilitar o trabalho do cortador— aceleraram a entrada das máquinas nas lavouras.

Em São Paulo, o prazo para o fim da queima, e a consequente mecanização total da colheita, vai até o final do ano. Até agora, 97% das áreas já obedecem à regra. Em Minas e Goiás, os índices são de 98% e 92%, segundo a Conab.

“É um processo maciço e corrente”, diz José Bueno, gerente da Trimble, focada em tecnologias para a agricultura. Agora, as máquinas autônomas são consideradas o próximo passo no processo de mecanização —um caminho que outras culturas, como a soja, já percorreram.

A ideia é “transformar o campo em fábrica”, segundo Bueno, aumentando a precisão e a eficiência da colheita.

Na semana passada, por exemplo, a Volvo lançou um caminhão autônomo específico para o transbordo da cana, que, guiado por GPS, se alinha sozinho à colhedora e segue em linha reta, sem passar por cima dos brotos que ficam no solo —e que viram a safra do ano seguinte.

O esmagamento dos brotos por máquinas é tido como um dos principais problemas da mecanização, gerando perdas de até 20% por hectare.

“É uma tarefa humanamente impossível: ninguém tem visão de raio-x”, diz o gerente da Volvo responsável pelo projeto, Roberson Oliveira, sobre o desafio de evitar o pisoteamento das plantas.

“Avançamos nos detalhes”, diz Paulo Meneguetti, diretor da Usaçúcar, cuja colheita já é 90% mecanizada.

A empresa pediu o piloto à Volvo e ajudou a desenvolvê-lo. O trator da montadora estará à venda em até três anos. Em abril, a Case também apresentou um trator autônomo. A previsão é que o produto chegue ao mercado dentro de quatro ou cinco anos.

Para Roberto Biasotto, gerente da Case IH, o trator autônomo diminui o custo de manutenção e com combustível, além da mão de obra.

A alta da produtividade ganha importância em um mercado oscilante como o da cana, que enfrenta queda no preço do açúcar e vive sob ameaça de bloqueios comerciais, como o da China, que impôs mais taxas ao produto local no fim do mês passado.

A venda de máquinas cresce no mercado da cana, com área plantada menor, mas é “tão grande quanto o de soja e milho”, segundo Biasotto.

Mesmo em regiões mecanizadas, a renovação da frota é altíssima. Como a colheita se estende por até oito meses, quase 24 horas por dia, tratores e colhedeiras são trocados a cada cinco anos.

Bem mais rápido que na soja ou milho, em que uma máquina dura até 15 anos.

Em Estados como Pernambuco e Alagoas ainda há índices elevados de colheita manual, em função do relevo acidentado. Só 4% da colheita é mecanizada em Pernambuco, um mercado a ser explorado por novas tecnologias.

A jornalista viajou a convite da Volvo

Folha
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