O 6º Congresso Nacional do PT, que se realiza neste final de semana em Brasília, será palco de manifestações do partido contra o presidente Michel Temer e pelas eleições diretas. Publicamente, o partido é absolutamente contrário à candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para 1 mandato tampão do Planalto, caso Temer seja apeado do poder.
Mas, na prática, não é bem assim. Há dois movimentos. Primeiro, uma espécie de “fica Temer” entre os caciques da legenda.
Não foi à toa que o ex-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, o cacique petista Jaques Wagner, declarou à imprensa: “Temer tem mais legitimidade” do que qualquer nome de uma eleição indireta.
Wagner deu seguimento a 1 diagnóstico discutido pela cúpula antes da abertura do 6º Congresso Nacional do PT. Segundo os petistas, haverá uma sarneyzação do atual presidente. E o governo chegará em frangalhos a 2018. Isso poderia facilitar a candidatura de 1 petista à Presidência. Provavelmente o ex-presidente Lula.
Rodrigo Maia: o plano B
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) apresentará ao Congresso do PT moção que conta com o apoio do grupo do ex-ministro José Dirceu.
O texto propõe repúdio à eleição indireta. Também proíbe petistas de votar em qualquer candidato pela via indireta.
Ao não votar em ninguém numa eventual eleição indireta, o PT fortalece Rodrigo Maia. Numa posição de neutralidade, os 58 deputados petistas não poderão engrossar 1 nome de oposição ao atual presidente da Câmara.
Maia já se beneficiou dessa tática de auto-exclusão dos petistas em suas duas eleições para presidente da Câmara. Formalmente, o PT não o apoiou. Mas também não deu suporte a nenhum outro nome de oposição. Maia venceu.
Em votação recente de medidas provisórias, deputados petistas se retiraram em protesto contra a repressão às manifestações de rua. Maia aproveitou e conseguiu aprovar 7 MPs (medidas provisórias) de uma vez.
Acordão
Rodrigo Maia se posiciona como o candidato da fidelidade ao governo. Mas já tem apoios de bastidores de outras legendas de centro-esquerda, como PC do B, PDT, PSB, Solidariedade e PTB.
O presidente da Câmara seria, então, o nome capaz de costurar 1 acordo com a oposição para a saída negociada de Michel Temer. Por exemplo: com adoção de foro privilegiado para todos os ex-presidentes da República.
Poder 360