A Prefeitura de Fortaleza deve entrar com uma denúncia-crime contra as entidades que se mostraram contra a remoção da feira da Rua José Avelino por conta das manifestações realizadas na região nos últimos dias. O anúncio foi feito pelo próprio prefeito Roberto Cláudio, por meio de declaração em vídeo, onde defendeu a decisão sobre a retirada do comércio ambulante daquele local, além de classificar os protestos como crime.
O chefe do Executivo municipal relatou que a prefeitura permitiu que a feira acontecesse de forma irregular entre o sábado (13) e o domingo (14), quando deveria ser o último dia de utilização do espaço pelos vendedores. No dia seguinte, com o término da feira, foram iniciadas intervenções de desvio de trânsito.
“Apenas fizemos isso, o desvio de tráfego, quando fomos surpreendidos por ações gravemente criminosas. O uso de balaclavas, desvios com pneus queimados, coquetel molotov, rojões soltados contra pessoas inocentes e agentes da segurança pública do estado e da própria Prefeitura de Fortaleza, hoje pela manhã assistimos à tomada, ao sequestro, de três ônibus, que faziam linhas regulares pelo Centro da cidade. Isso não é uma manifestação pacífica, isso não é da natureza do ambulante, do pai e da mãe de família que tá atrás de trabalhar”, disse Roberto Cláudio.
O prefeito disse ainda que a decisão pela retirada da feira daquela rua foi uma promessa de campanha das últimas eleições municipais, que foi tomada após debates com os envolvidos, afirmando que foram oferecidos aos feirantes mil boxes públicos no novo corredor de vendas na Avenida Filomeno Gomes, no Bairro Jacarecanga, mesmo para aqueles ambulantes cadastrados da feira da José Avelino que declarem pobreza ou incapacidade de alugar ou adquirir um boxe privado.
“Em fevereiro fizemos uma grande reunião, chamamos diversos atores do Centro da Cidade, incluindo os feirantes de galpões e feirantes de rua da José Avelino. Negociamos diversos assuntos, coloquei na mesa tudo aquilo que a Prefeitura poderia fazer, para que esse energia da economia do atacarejo e que a proteção, principalmente, do pequeno pai e mãe de família pudesse acontecer de acordo com a expectativa da cidade”, colocou.
Decisão mantida
Por fim, Roberto Cláudio declarou que a decisão da Prefeitura se mantém, salvo uma decisão contrária por parte da Justiça. “Está mantida a disposição de recuperar e revitalizar esse pedaço do Centro da Cidade, de entregá-lo de volta à Cidade de Fortaleza, para uma ocupação que seja uma ocupação que me é tanto cobrada por grande parte das pessoas que vivem na cidade de Fortaleza”, disse.
Feirantes
O presidente da União dos Feirantes do estado do Ceará, Heron Moreira, disse que as associações que participaram das reuniões com a prefeitura não representam os feirantes. Ele ressalta que a entidade quer adquirir um terreno de 10 mil metros para abrigar a feira, mas não foi recebida pelos representantes da prefeitura para apresentar a proposta e reclama que os comerciantes estão sendo perseguidos. “Os feirantes estão sendo marginalizados”, disse. O G1 esteve no local das manifestações nesta manhã e ouviu de feirantes que eles não foram responsáveis por nenhum ataque a ônibus, mas eles admitiram ter bloqueado a rua e queimado pneus.