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PF investiga denúncia de que construtoras foram usadas para desviar recurso em gestão de Aécio Neves

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Por Jornal Nacional, Belo Horizonte

PF suspeita que empresas foram usadas para desviar dinheiro de obra para campanha de Aécio

PF suspeita que empresas foram usadas para desviar dinheiro de obra para campanha de Aécio

A Polícia Federal investiga a suspeita de que duas empresas tenham sido usadas para desviar recursos da construção da Cidade Administrativa em Belo Horizonte para campanhas do então governador Aécio Neves (PSDB).

A sede do governo de Minas Gerais foi construída de 2008 a 2010 durante o governo do tucano. Ela foi orçada em R$ 900 milhões. O Tribunal de Contas do Estado (TCE) afirmou que a obra passou de R$ 1,8 bilhão.

Em delação premiada, no fim de 2016, o ex-diretor superintendente da construtora Odebrecht em Minas Gerais Sérgio Neves denunciou um suposto esquema de desvio dinheiro.

Segundo o delator, o então presidente da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais, Oswaldo Borges, determinou que 3% de um contrato com as empresas Odebreht, Queiroz Galvão e a OAS iriam para Aécio Neves para futuras campanhas políticas. O contrato era de R$ 360 milhões.

A Polícia Federal investiga a denúncia de que o desvio de dinheiro ocorreu por meio de fraudes, durante a construção da Cidade Administrativa. Oswaldo Borges é apontado como operador de Aécio Neves neste caso. Ele é acusado pelo ex-executivo da Odebrecht de intermediar o esquema antes mesmo da licitação.

“Ele determinou que adicionalmente nós deveríamos contemplar duas empresas locais”, disse Sérgio Neves na delação.

As duas empresas seriam a Cowan e a Alicerce. O delator disse que elas foram subcontratadas, mas para não fazer nada.

“Custou R$ 5 milhões no contrato. Fizemos um contrato para a prestação de serviço de R$ 5 milhões fictícios. (…) Fictícios, sem a prestação de serviço com a Cowan e R$ 2,6 milhões com a Alicerce, um contrato de consultoria sem a prestação de serviços”, disse Sérgio Neves.

Representantes das duas empresas prestaram depoimento à Polícia Federal no ano passado. Eles

negaram que os contratos tenham sido fictícios e apresentaram documentos e notas fiscais que comprovariam os pagamentos.

Em uma nota fiscal da Cowan de R$ 4,6 milhões, por exemplo, estão relacionados vários equipamentos, como guindastes e caminhão betoneira, que teriam sido locados para o consórcio.

Um documento da Alicerce, no valor R$ 608 mil, se refere a prestação de serviços de consultoria.

Mas o depoimento de outro executivo da Odebrecht, Carlos Berardo Zaeyen, que era o responsável pelos contratos do consórcio, contradiz a Cowan e a Alicerce.

Ele disse à Polícia Federal que não tem conhecimento de prestação de serviços da Alicerce e nem da utilização de equipamentos da Cowan na Cidade Administrativa.

A Polícia Federal investiga a suspeita de que as notas fiscais apresentadas sejam frias. Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o inquérito agora está na Justiça de Minas Gerais.

A defesa de Aécio Neves declarou que é improcedente a afirmação de que o senador tenha pedido qualquer quantia.

A defesa da Alicerce declarou que foram apresentadas cópias de todos os documentos que comprovam que os serviços foram prestados.

A Cowan afirmou que alugou equipamentos para o consórcio da obra e que já entregou documentos para comprovar.

A defesa de Oswaldo Borges afirmou que ele jamais solicitou percentuais ou tratou de caixa dois com o ex-diretor da Odebrecht e que todos os serviços das duas empresas foram prestados.

A Odebrecht declarou que continua cooperando com as autoridades.

Representantes da Queiroz Galvão não foram encontrados pela reportagem.

A OAS não quis se manifestar.

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