Um relato de caso acompanhado por uma equipe de pesquisadores do laboratório de imunohematologia do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), da rede pública do Governo do Ceará, foi publicado na capa do British Journal of Haematology (BJH), edição de janeiro de 2017. A revista científica é uma das publicações mais prestigiadas do mundo e a principal em hematologia da Europa.
O BJH deu destaque à descoberta, que consiste em uma paciente que tinha duas populações distintas de eritrócitos no seu sangue. Ou seja, possuía células sanguíneas com características diferentes das comuns ao seu grupo sanguíneo. A paciente, do interior do Ceará, então com 22 anos, apresentava quadro de anemia e deveria receber uma transfusão. Na amostra encaminhada ao laboratório de imunohematologia do Hemoce, em Fortaleza, foi percebida alteração na tipagem ABO que poderia ocorrer em pacientes com doenças hematológicas, como leucemia.
Com essa hipótese, a paciente foi encaminhada para o Hospital Universitário Walter Cantídio, onde foi feito o diagnóstico e iniciado o tratamento. Segundo Denise Brunetta, coordenadora do laboratório de imunohematologia do Hemoce, “a identificação dessa alteração na tipagem sanguínea inicial da paciente permitiu o diagnóstico precoce e tratamento adequado para essa jovem, que de outro modo perderia tempo em iniciar seu tratamento, o que certamente traria repercussões”.
De acordo com o hematologista Fernando Barroso, responsável pelos núcleos de Medula Óssea do Hemoce e do Hospital Walter Cantídio, “com o tratamento, as células da paciente voltaram ao normal e ela passou a ter o tipo sanguíneo com as características que seriam previsíveis antes da doença”. Para ele, a capa da edição de janeiro de 2017 do BJH, feito inédito para pesquisadores brasileiros, “é um reconhecimento da nossa expertise e da importância da parceria entre o acompanhamento clínico, feito pelo HUWC, e o estudo laboratorial, feito pelo Hemoce”.
Para a diretora geral do Hemoce, Luciana Carlos, “o laboratório de imunohematologia do Hemoce tem se firmado como referência no Brasil, a partir do trabalho de excelência realizado por sua equipe e das tecnologias disponíveis em sua rotina. Graças a esse trabalho, tem sido possível identificar situações como essa, qualificando cada vez mais as transfusões realizadas nos mais de 400 serviços atendidos pela rede de hemoterapia do Ceará”.
O grupo responsável pela publicação também é formado por outros médicos hematologistas do Hemoce, Jacques Kaufman e Lilian Albuquerque, além de Denise Brunetta, Fernando Barroso e Luciana Carlos.
Outras pesquisas
Em novembro, uma outra pesquisa realizada pelo Hemoce, com colaboração de pesquisadores da Colsan – Associação Beneficente de Coleta de Sangue de São Paulo e do Hemocentro de Campinas, ligado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi destaque em uma publicação científica norte-americana, a revista Transfusion.
Na publicação, a identificação e descrição de um tipo raro de sangue do sistema sanguíneo KELL que apresenta ausência de antígenos – substâncias capazes de levar a reações transfusionais e que interferem na compatibilidade sanguínea. A alteração foi descrita pela primeira vez no mundo e foi destaque no Congresso da Associação Americana de Bancos de Sangue, que ocorreu em outubro de 2016 em Orlando, Flórida.
Além da equipe de profissionais do laboratório de imunohematologia do Hemoce, participaram desta descoberta as médicas hematologistas Denise Brunetta, Luciana Carlos, Tiê Costa, Vilany Silva e Patrícia Oliveira, pelo Hemoce; Diana Gazito e Carine Arnoni, pela Colsan; e Lilian Castilho, pela Unicamp.
Por último, pesquisadores do Hemoce e da Universidade Federal do Ceará (UFC), demonstraram, por meio de estudos experimentais, que a criopreservação de tecido ovariano pode ser utilizada no tratamento para a osteoporose decorrente da menopausa.
A técnica consiste em retirar os ovários e congelá-los para posterior reimplante e, testada em cobaias, apresentou resultados satisfatórios: os animais que desenvolveram osteoporose apresentaram melhora entre 96% e 100% do ideal.
A pesquisa, ainda em caráter experimental, mas já apresentada na última conferência anual do Oncofertility Consortium, em Chicago, nos Estados Unidos, é realizada por oito pesquisadores coordenados pelo Dr. João Marcos de Meneses e Silva e é objeto de Tese de Doutorado da ginecologista Lígia Helena Ferreira Melo.
Para a diretora geral do Hemoce, Luciana Carlos, “os bons resultados nas pesquisas, o sucesso nos transplantes de medula óssea e as publicações em revistas de referência no meio acadêmico demonstram que o Hemoce está mais do que qualificado, tanto no ponto de vista técnico, devido à adoção de novas tecnologias que permitem a identificação de casos raros, quanto do ponto de vista humano, da qualificação dos nossos profissionais. Isto melhora tanto o nosso banco de doadores de tipos raros quanto a segurança do paciente que recebe transfusão”.
Link da revista: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/bjh.2017.176.issue-1/issuetoc?globalMessage=0
28.12.2016
Assessoria de Imprensa – Hemoce
Tunay Moraes peixoto
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