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Os pedidos de “Diretas Já” voltam à avenida Paulista

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Menos de duas horas depois de o jornal O Globo, reverberado pela TV Globo, publicar a informação de que o presidente Michel Temer teria sido gravado dando aval a Joesley Batista, um dos donos da companhia da JBS, para comprar o silêncio de Eduardo Cunha, preso desde o ano passado, uma manifestação espontânea, em São Paulo, tomou uma das pistas da avenida Paulista, na altura do Masp, pedindo a renúncia do presidente e a convocação imediata de eleições diretas.

A mobilização, que começou pela Internet, foi chamada, em parte, pelo Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), que estava reunido por acaso no vão livre do museu para discutir a reforma Trabalhista proposta pelo Governo. Logo depois da veiculação da notícia no Jornal Nacional, da TV Globo, o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, pediu pelas redes sociais que as pessoas saíssem de casa para se manifestar.

Em pouco tempo, o que era uma pequena movimentação, que ocupava apenas as calçadas, tomou uma das pistas da avenida. A psicóloga Mariana Desenzi, 27 anos, por exemplo, estava na região com algumas amigas quando viu as notícias pelo celular e ouviu a movimentação na frente do Masp. Elas foram direto para a rua engrossar os gritos contrários ao presidente.

“O escândalo envolve o presidente, figuras centrais que dão sustentação a ele, tenho certeza que o pedido de ‘Diretas Já’ vai aumentar muito a partir de agora”, disse Desenzi. Apesar das notícias falarem também de um grampo que mostraria o senador Aécio Neves pedindo 2 milhões de reais a Joesley, o alvo central da manifestação foi o presidente Michel Temer e os pedidos pela convocação de eleições.

Ao EL PAÍS, o coordenador do MTST, Boulos, disse que as movimentações devem pedir não só a renúncia do Governo Temer, mas também a convocação imediata de eleições gerais. “Esse Congresso não tem mais autoridade moral para definir o futuro do país e uma solução Carmem Lúcia também não adianta, a soberania do voto tem que ser devolvida para o povo”, disse em referencia ao fato de que a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) é a terceira na linha sucessória da presidência.

Em diferentes cidades brasileiras também foram registrados panelaços durante o Jornal Nacional, no Twitter o assunto ficou no topo dos trend topics em um curto intervalo de tempo e na capital Brasília, em frente ao Palácio do Planalto, também houve mobilizações espontâneas contra o Governo, numa reação parecida a que se seguiu à divulgação, pelo juiz Sérgio Moro, em março de 2016, de conversas gravadas entre a então presidenta Dilma Rousseff e Lula, que acabaria impedindo ao ex-presidente de assumir um ministério selando de vez o  impeachment.

O coordenador do MTST também adiantou ao EL PAÍS que outros atos estão sendo marcados para os próximos dias em diferentes localidades. E, no domingo, a expectativa é que uma mobilização nacional pelas “Diretas Já” aconteça. No Rio, um ato foi marcado para a tarde desta quinta, na Cinelândia.

EL PAÍS

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