O Ministério Público da Suíça calculou que a Odebrecht lucrava, em média, pelo menos 4 milhões (de dólares, francos suíços ou reais) a cada 1 milhão pago em propina.
A proporção foi apontada em documentos do acordo de leniência assinado pela empresa com o país europeu e não aponta uma moeda específica, servindo apenas de referência para os ganhos obtidos com a corrupção.
Nos papéis do acordo de leniência, os procuradores da Suíça dizem que a operação para pagamento de propinas era “altamente lucrativa” e tinha “alto grau de profissionalismo”, informou mais cedo o Bom Dia Brasil.
Eles destacam que o pagamento da propina era feito em etapas para disfarçar a origem dos recursos e os beneficiários, envolvendo uma ampla rede de contas bancárias e operações em até 10 países. O MP da Suíça não revela o nome das pessoas investigadas.
Segundo o Ministério Público suíço, a Odebrecht não só falhou em evitar os crimes, mas também operou esse esquema de forma sistemática com o chamado “Sistema de Operações Estruturadas”, montado especificamente para repassar propina a políticos.
Para justificar a saída de dinheiro da Odebrecht, o MP suíço diz que eram emitidos recibos falsos de serviços que não foram prestados. Para movimentar o dinheiro, contas foram abertas fora do Brasil.
Da contabilidade oficial da Odebrecht, ativos eram transferidos para empresas offshore, que também eram controladas pela construtora, mas que não apareciam na contabilidade consolidada.
Acordos de leniência
No último dia 21, tanto a Odebrecht quanto a Braskem – braço petroquímico do grupo –assinaram acordos de leniência com a Suíça, Estados Unidos e Brasil.
O acordo beneficia as empresas que colaboram com as investigações, suspendendo ações judiciais. O objetivo é preservar a empresa, inclusive para gerar receita e reparar os desvios.
No caso da Suíça, grande parte das propinas pagas no esquema de corrupção foram transferidas e movimentadas em bancos no país europeu.
O acordo com os Estados Unidos foi assinado porque parte do dinheiro da propina paga pela Odebrecht foi destinada a bancos norte-americanos e a projetos da empreiteira no país.
Há, ainda, a suspeita do governo americano de que cidadãos ou empresas daquele país tenham cometido crimes em acordos com a Odebrecht.
Outro lado
A Odebrecht declarou que não se manifesta sobre o tema e que reafirma o seu compromisso de colaborar com a Justiça. A empresa informou que está implantando as melhores práticas de “compliance” (governança), baseadas na ética, transparência e integridade.
A Braskem declarou que não comenta os casos específicos contidos no acordo de leniência, pelo qual pagará mais de R$ 3 milhões em multas e indenizações.