Por mais que a aposentada Irismar Menezes limpe, a casa está sempre suja. A fuligem escura cobre os móveis, os eletrodomésticos e até a cama. A sujeira incomoda, mas é a saúde que preocupa. “Eu tô com uma tosse, um cansaço que não passa. Só pode ser por causa dessa fuligem que eu respiro o dia todo”, disse.
A poeira preta vem das esteiras que transportam minério de ferro e carvão mineral do Porto do Pecém para a Siderúrgica e para a usina termoelétrica. Por onde o equipamento passa, o rastro de poluição fica. Cansados de conviver com o problema, muitos moradores dessa comunidade se mudaram.
“Eu tenho uma casa aqui mas estou morando de aluguel porque minha filha teve um problema de pele muito forte e precisou se tratar. Era uma alergia a essa poeira”, relata o pedreiro Francisco Ricardo Marques.
Em fevereiro deste ano, a Assembleia Legislativa aprovou e o governador Camilo Santana sancionou um projeto de lei que autoriza a Secretaria da Infraestrutura do Estado a indenizar todas as famílias que vivem próximo à esteira. Passaram cinco meses e nada mudou. Ninguém foi indenizado e dezenas de pessoas continuam convivendo com a fuligem gerada pelo carvão mineral.
cnews