Por Marta Cavallini, G1
O corte de gastos do governo para cobrir o rombo nas contas públicas atingiu em cheio os servidores públicos. A equipe econômica anunciou nesta terça-feira (15) o corte de 60 mil vagas e disse que não prevê ampliação de quadro de servidores federais, apenas reposição de vagas. Apesar disso, há ainda vagas efetivas para preencher e concursos a serem realizados este ano.
Levantamento do G1 nos dados do Ministério do Planejamento mostra que existem 815 vagas abertas no serviço público federal. Elas se referem a concursos já autorizados pelo órgão, à espera da publicação dos editais.
Em 2017, o Ministério do Planejamento aprovou a abertura de 2.089 vagas. Destas, 1.374 já tiveram as nomeações realizadas. Ainda restam 715 vagas, que se referem a três concursos que foram autorizados e ainda não tiveram os editais divulgados.
Na lista do Planejamento não constam, entretanto, as 100 vagas autorizadas em julho deste ano para a Advocacia Geral da União (AGU). Também não está na lista o concurso autorizado para os Correios em maio, que ainda não tem o número de vagas definido.
O governo ainda tem 357 vagas para preencher de concursos que foram realizados no ano passado, mas os aprovados ainda não foram nomeados.
Vagas abertas para servidores federais
Órgão | Situação do concurso | Vagas a preencher |
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) | Realizado em 2016. Parte das vagas não foram preenchidas | 78 |
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) | Realizado em 2016. Parte das vagas não foram preenchidas | 150 |
Instituto Nacional do Câncer (Inca) | Realizado em 2016. Parte das vagas não foram preenchidas | 27 |
Secretaria Especial da Saúde Indígena do Ministério da Saúde | Realizado em 2016. Parte das vagas não foram preenchidas | 102 |
Associação Brasileira de Inteligência (Abin) | Autorizado em 2017. Aguarda publicação do edital | 300 |
Ministério da Agricultura | Autorizado em 2017. Aguarda publicação do edital | 300 |
Ministério da Defesa | Autorizado em 2017. Aguarda publicação do edital | 115 |
Advocacia Geral da União (AGU) | Autorizado em 2017. Aguarda publicação do edital | 100 |
Correios | Autorizado em 2017. Aguarda publicação do edital | indefinido |
Segundo o Ministério do Planejamento, os concursos em andamento e já autorizados são assegurados. No entanto, essa garantia se refere somente a nomeações dentro do número de vagas estabelecidos nos editais e durante o período de validade de cada seleção. Ele pode variar de 6 meses a 2 anos, podendo ser prorrogado por igual período.
Enxugamento da folha
Ao anunciar o aumento da meta fiscal para déficit de R$ 159 bilhões em 2017 e 2018 na terça-feira (15), o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, afirmou que não haverá corte de concursos já previstos. As seleções, no entanto, serão realizadas apenas para repor funcionários, sem o objetivo de aumentar o quadro de servidores nos próximos anos.
A suspensão de concursos públicos vem ocorrendo desde 2016 como uma das medidas de ajuste nas contas públicas. Em 2015, ao anunciar a suspensão para o ano seguinte, o governo informou que o congelamento das seleções abrangeria 40.389 cargos com o objetivo de economizar R$ 1,5 bilhão.
Órgãos livres do corte
O Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão é responsável somente pelas autorizações dos concursos públicos do Poder Executivo Federal. Ele não interfere em contratações, por exemplo, nos poderes Legislativo e Judiciário e em alguns cargos federais.
Pela legislação atual, alguns cargos federais não dependem da aprovação do ministério de Planejamento para a realização de concursos. São eles:
- advogado da União, procurador da Fazenda Nacional e procurador federal
- defensor público da União
- diplomata
- policial federal
Segundo o ministério, a mesma regra dá autonomia para universidades públicas federais e bancos públicos para realizar novos concursos públicos. Veja a relação de órgãos que não precisam do aval do Planejamento para contratar:
- universidades federais
- Banco do Brasil
- Caixa Econômica Federal
- Petrobras
- Infraero
O Planejamento diz ainda que não interfere nos poderes Legislativo e Judiciário em relação à contratação de pessoal. Portanto, concursos para Senado, Câmara, Tribunais, Ministérios Públicos, Defensorias e Procuradorias não são afetados pelo corte.
Os cargos militares das Forças Armadas também estão fora do contingenciamento – ficam sujeitos às restrições somente os cargos civis dentro da Marinha, Exército e Aeronáutica, como médicos e engenheiros.