Em delação premiada realizada no âmbito do processo da Lava Jato, o ex-diretor da Odebrecht Benedicto Júnior afirmou que o ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, R$ 17,9 milhões de caixa 2 para estruturar o PSD para a disputa eleitoral de 2014.
A eleição foi a primeira do PSD criado em 2011 por Kassab, após deixar o DEM. No depoimento, BJ, como é conhecido o ex-diretor da Odebrecht, cita encontro realizado no segundo semestre de 2013 em que Kassab pede os recursos.
“A conversa foi muito específica disse: Júnior estou constituindo um partido, tenho um projeto de partido, o PSD, e gostaria que na próxima eleição você me ajudasse. A ideia é que o partido tenha em torno de 50 a 60 deputados. Tenha quatro ou cinco senadores. Tenha três ou quatro candidatos em Estados importantes para governador. Então precisava que você, diferente do que você me ajudou na prefeitura, conversasse internamente e avaliasse porque você vai ter aqui no seu amigo uma pessoa que conduz um partido expressivo”, relatou BJ.
O acordo recebeu, segundo o ex-diretor da construtura, o codinome “Projeto”.
“Eu anui e fizemos pagamentos entre novembro de 2013 e setembro de 2014 em caixa 2, ilícito, feito pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht no valor 17,9 milhões de reais. Doutor Kassab sabia que esse dinheiro era de caixa 2 porque era um valor expressivo”, ressaltou o delator.
Na conversa também ficou acertado que os pagamentos seriam feitos, a pedido de Kassab, a Flavio Castelli Chuery, tesoureiro do PSD.
Durante o depoimento, BJ também lembra que conheceu Kassab por volta de 2008, quando este era prefeito de São Paulo. Ao disputar a reeleição para o comando do executivo municipal, Kassab procurou, pela primeira vez o executivo para tratar de possíveis doações eleitorais.
“Ele me convidou para um café da manhã na casa dele, onde ele me fez um pedido se a Odebrecht poderia ajudá-lo. Me deu um valor de R$ 3,4 milhões de reais. Eu entendi que apesar do número era a cidade de São Paulo, a relação com o prefeito Kassab era uma relação saudável. Eu anui e fiz o planejamento e nós pagamos 3,4 milhões de reais ao longo de janeiro e junho de 2008”, disse BJ.
COM A PALAVRA, KASSAB
Em nota, o ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações informou que “confia na Justiça e ressalta que não teve acesso oficialmente às informações e que é necessário ter cautela com depoimentos de colaboradores, que não são provas”.
Estadão