Pelo 3º dia seguido, nesta quarta-feira (23), caminhoneiros fazem protestos em rodovias federais e estaduais, além de vias importantes em 23 estados do país mais o Distrito Federal. Os atos são contra a disparada do preço do diesel que faz parte da política de preços da Petrobras, em vigor desde julho.
Em resposta aos protestos, a Petrobras anunciou redução de 10% no preço do diesel nas refinarias e que a medida deve valer por 15 dias. A redução representa menos R$ 0,26 no litro do combustível.

Greve dos caminhoneiros afeta abastecimento e causa alta de preços
Alguns atos ocorrem diante de refinarias, impedindo a saída de caminhões-tanque. O movimento já começa a afetar o abastecimento de combustíveis em algumas regiões, e o preço de alguns alimentos aumentou nos entrepostos.
A associação das companhias aéreas afirmou que “haverá impacto para as operações nas próximas horas” e que os passageiros devem consultar as empresas antes de ir para os aerorportos. Um juiz do Distrito Federal determinou a liberação imediata de seis rodovias federais onde há bloqueios de caminhoneiros.
Veja os principais reflexos da paralisação pelo país:
Transportes
- A Infraero alertou que os aeroportos de Congonhas (SP), Recife (PE), Palmas (TO), Maceió (AL) e Aracaju (SE) só têm combustível para esta quarta-feira
- Em Brasília, o aeroporto suspendeu o pouso de aeronaves com pouco combustível
- Falta combustível em vários postos em cidades do RJ, RS, MG, TO e DF
- Diminuiu o número de ônibus circulando no Recife, onde a gasolina chegou a R$ 8,99 o litro
- Transporte escolar foi suspenso em algumas cidades do Mato Grosso
- Linhas de ônibus que atendem as cidades de Mogi das Cruzes, Suzano, Poá e Itaquaquecetuba, em São Paulo, estão atrasando cerca de 40 minutos
- Os Correios suspenderam temporariamente as postagens das encomendas com dia e hora marcados (Sedex 10, 12 e Hoje) e afirmou que a paralisação tem causado atrasos nas operações da empresa no país.
Alimentos
- Mais da metade da produção de carne suína e de aves foi paralisada, e 78 frigoríficos estão com as operações suspensas
- Abastecimento de itens hortifrutigranjeiros do Ceasa está comprometido no Ceará e em Sergipe
- No Rio, o saco da batata chegou a R$ 500, e no Pará, supermercados começam a ficar desabastecidos
- Rede de supermercado de Juiz de Fora (MG) colocou cartazes em várias lojas avisando sobre a possibilidade de falta de alguns produtos
Indústria
- Produção da fábrica da Volkswagen Taubaté foi interrompida por falta de peças; o protesto também afeta outras montadoras como a Chevrolet, Ford e Fiat.
Fogo ateado por manifestantes em protesto dos caminhoneiros na Rodovia Fernão Dias, congestionada no sentido São Paulo. (Foto: Reprodução/TV Globo)
Preço do diesel
A Petrobras anunciou nesta quarta que o preço do diesel deve cair 1,54% nas refinarias. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, do Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP), o preço médio do diesel nas bombas já acumula alta de cerca de 8% no ano.
O valor está acima da inflação acumulada no ano, de 0,92%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pelo 3º dia seguido, caminhoneiros mantêm bloqueios em rodovias de Goiás em protesto contra alta do diesel (Foto: TV Anhanguera/Reprodução)
Protestos nas estadas
O protesto dos caminhoneiros nesta quarta-feira afeta a circulação em rodovias e principais estradas de ao menos 23 estados e do Distrito Federal. Uma decisão da Justiça do DF determinou que sejam desbloqueadas imediatamente as BRs 040, 050, 060, 070, 080 e 251.
No Pará, os caminhoneiros decidiram liberar totalmente o trânsito na rodovia BR-316, em Benevides, região metropolitana de Belém, depois que a Justiça Federal determinou a retirada dos veículos que bloqueavam parcialmente a via. A negociação foi feita pela Polícia Rodoviária Federal.
Mapa com os pontos de interdição nos estados da greve dos caminhoneiros (Foto: Alexandre Mauro/G1)
No Paraná, até as 15h, havia 95 pontos de manifestações nas rodovias. Em Mato Grosso do Sul, os protestos têm adesão de caminhoneiros do Paraguai e da Bolívia e há registros de bloqueios em 17 trechos interditados no estado.
No DF, onde a greve afetou o abastecimento de combustíveis, caminhões bloqueavam trechos das BRs 020, 060, 070 e 080 e impediam a passagem de outros motoristas, inclusive de carros de passeio.
Também foram registrados protestos em:
- Alagoas
- Bahia
- Ceará
- Espírito Santo
- Goiás
- Minas Gerais
- Maranhão
- Mato Grosso
- Paraíba
- Pernambuco: Sertão e Grande Recife
- Piauí
- Rio de Janeiro: Região dos Lagos e Norte Fluminense
- Rio Grande do Norte
- Rio Grande do Sul
- Rondônia
- Roraima
- Santa Catarina
- São Paulo: Bauru, Vale do Paraíba, Mogi das Cruzes, Santos, Campinas, Ribeirão Preto e Franca, Rio Preto, José Bonifácio, Santa Adélia, Santa Fé do Sul, Tabapuã, Urânia e Bálsamo.
- Sergipe
- Tocantins
Protesto de caminhoneiros contra o aumento do diesel na altura do km 158 da Via Dutra, na região de Jacareí, interior de São Paulo. (Foto: Nilton Cardin/Estadão Conteúdo)