Por G1, São Paulo

Paralisação dos caminhoneiros contra o preço do diesel entra no 8º dia
Caminhoneiros seguem protestando nesta segunda (28) em ao menos 25 estados e no Distrito Federal, mesmo após anúncio do presidente Michel Temer de reduzir o diesel por 60 dias e atender outras reivindicações da categoria.
Entre as medidas anunciadas no domingo por Temer estão a redução temporária de R$ 0,46 no litro do diesel e a isenção de pagamento de pedágio para eixos suspensos de caminhões vazios. “Panelaços” foram ouvidos durante a fala do presidente.
Entidades que representam caminhoneiros aprovaram as medidas, mas disseram que precisam de tempo para desmobilizar os motoristas parados nas estradas. Para compensar o subsídio no diesel, o governo pode subir outros impostos.
Muitos serviços essenciais continuam restritos por causa da greve, mas em algumas localidades a situação está normalizando. Em Fortaleza, Porto Velho e Manaus, por exemplo, os postos estão sendo abastecidos e 100% da frota de ônibus está em operação.
Transporte
Pessoas aguardam por ônibus na Avenida Paulista, em São Paulo, na manhã desta segunda-feira (28). Devido à greve dos caminhoneiros, a frota no transporte público segue com capacidade reduzida (Foto: Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo)
Capitais com transporte público afetado nesta segunda-feira:
- Aracaju: frota 30% menor
- Belo Horizonte: redução de 50% fora do horário de pico
- Goiânia: frota 15% menor
- Cuiabá: frota 50% menor
- Campo Grande: frota 15% menor
- Florianópolis: operação com horários de sábado
- João Pessoa: frota 30% menor
- Natal: frota reduzida
- Palmas: frota 5% menor
- Porto Alegre: frota reduzida fora do horário de pico
- Recife: demora nos pontos
- Rio de Janeiro: frota 60% menor (BRT 65%)
- Salvador: frota 40% menor
- São Luís: frota 30% menor
- São Paulo: frota 30% menor (rodízio suspenso)
Os caminhoneiros autônomos seguem bloqueando os acessos ao Porto de Santos, no litoral de São Paulo.
17h: Mapa mostra redução da frota de ônibus no país (Foto: Alexandre Mauro e Igor Estrella/G1)
Aeroportos
Até a tarde desta segunda-feira, 71 voos foram cancelados por todo o país, enquanto 10 dos 54 aeroportos administrados pela Infraero estavam sem combustível:
- São José dos Campos (SP)
- Uberlândia (MG)
- Campina Grande (PB)
- Juazeiro do Norte (CE)
- Aracaju (SE)
- Foz do Iguaçu (PR)
- Paulo Afonso (BA)
- Palmas (TO)
- Pampulha (MG)
- Teresina (PI)
A Infraero recomenda que os passageiros procurem suas companhias para consultar a situação de seus voos. Gol e Avianca informaram que estão remarcando voos sem cobrança extra.
17h50 – Mapa de voos cancelados em aeroportos do país por causa da greve dos caminhoneiros (Foto: Igor Estrella/G1)
Combustível
Tropas do exército escoltam caminhões-tanque com combustível para aviação que seguem pela rodovia DF-040 em direção ao aeroporto de Brasília (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
O reabastecimento dos postos ainda não foi normalizado. Em diversas cidades pelo país, há filas nas poucas bombas que possuem combustível. Mesmo onde a mobilização foi encerrada, a oferta nos postos deve levar dias para ser regularizada, segundo o ministério de Minas e Energia.
Algumas refinarias ainda estão com acessos bloqueados e a polícia está escoltando os caminhões-tanque para garantir o abastecimento. Veja como está a situação nas refinarias do país. A federação dos postos disse que repassará redução do diesel ao consumidor.
Em nota, o Sindigás, que reúne as empresas distribuidoras, informou que algumas praças ainda possuem um estoque mínimo de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). Por ele ser armazenável, tem a vantagem de permitir ao consumidor contar com uma reserva, em média, de até 22 dias.
- Em Alagoas, o porto de Maceió foi liberado, mas alguns postos ainda estão fechados e os preços variam muito onde há combutível.
- No Ceará, o abastecimento nos postos de Fortaleza foi normalizado nesta segunda-feira.
- No Distrito Federal, a Polícia Militar escoltou 47 caminhões-tanque na manhã desta segunda-feira.
- No Espírito Santo, cerca de 80 postos receberam combustível e o domingo foi de fila para motoristas que quiseram garantir o abastecimento para a semana.
- Cerca de 70% dos postos de Goiás estão sem combustível. Na capital, 90% dos postos estão sem etanol e 35% está sem etanol e gasolina.
- No Maranhão, 30 de 250 postos conseguiram abastecimento no domingo.
- No Mato Grosso do Sul, cerca de 80% dos postos de Campo Grande foram abastecidos.
- Abastecimento está normalizando na capital do Pará, após o fim da interdição no porto de Miramar.
- Em Minas Gerais, criminosos chegaram ao ponto de invadir a garagem de uma casa e furtar gasolina do carro em Patos de Minas.
- Na Paraíba, a situação está mais complicada em Campina Grande, onde não havia posto com combustível na manhã desta segunda-feira. Em João Pessoa, as filas estão grandes.
- O governo de Pernambuco informou que 30 caminhões saíram do Porto de Suape com escolta para reabastecer os postos. Em Petrolina, no Sertão Pernambucano, a prefeitura decretou emergência.
- Com 90% dos postos sem nada na capital do Piauí, a prefeitura de Teresina decretou situação de emergência.
- Na capital do Rio Grande do Sul, pouco mais de 30 de 280 postos possuem combustível.
- Em Rondônia, a capital foi reabastecida com gasolina e diesel, mas no interior continua sem. Em Ariquemes, por exemplo, o reabastecimento de um posto durou apenas 2 horas.
- Em Santa Catarina, distribuidoras ainda estão bloqueadas – apenas caminhões para polícias, bombeiros e tranporte público são liberados. Dos 295 municípios, 254 relataram problemas.
- Em Piracicaba, no estado de São Paulo, um motorista diz ter ficado 12 horas na fila para abastecer e na capital há relatos de confusão e filas de 7 horas. A cidade de Birigui decretou estado de emergência.
- Bauru, no interior de SP, virou ponto de atração de motoristas de cidades vizinhas: o abastecimento lá é, em parte, garantido por trem e não há falta combustível nos postos.
- Em Sergipe, alguns postos ainda têm dificuldades, enquanto um limitou as vendas em R$ 100 para atender mais motoristas.
- No Tocantins, o desabastecimento atinge 95% dos postos de todo o estado. Palmas está sem desde quinta-feira.
17h: Mapa mostra estados onde há postos sem combustível por causa da greve dos caminhoneiros (Foto: Alexandre Mauro e Igor Estrella/G1)
Educação
Em ao menos 13 estados não há aula nas universidades federais: Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo e Tocantins. Não haverá aula na rede estadual de ensino em diversos estados e também no Distrito Federal.

Milhares escolas e universidades do país cancelam as aulas
- Bahia: Em Salvador, universidades estaduais e federais cancelaram as aulas, assim como escolas da capital e região metropolitana.
- Distrito Federal: na rede pública, apenas creches funcionam. No ensino superior, Universidade Católica, Iesb, UDF e Anhanguera suspenderam as aulas. UnB e UniCeub funcionam normalmente.
- Goiás: a secretaria estadual de Educação decretou recesso nas escolas a partir desta terça (29). IFG, UEG e Unip suspenderam atividades nesta segunda. UFG e PUC mantiveram o calendário. Em Goiânia e Aparecida de Goiânia, as aulas seguem normalmente. O mesmo ocorre na rede particular de todo o estado.
- Maranhão: Ufma, Uema, Ceuma, UNDB, Estácio e Pitágoras suspenderam as aulas.
- Mato Grosso: UFMT está completamente parada, as aulas da rede estadual foram suspensas e outras instituições declararam ponto facultativo.
- Minas Gerais: UFMG, faculdades particulares, escolas públicas e privadas não têm aulas.
- Pará: aulas na Ufra suspensas em Belém, Capanema, Capitão Poço, Paragominas, Parauapebas e Tomé-Açu.
- Paraíba: algumas faculdades determinaram ponto facultativo, outras suspenderam as aulas. Veja quais escolas estão afetadas.
- Paraná: cada setor da UFPR decide se vai parar. Na Universidade Tecnológica Federal todas as aulas estão suspensas, assim como nas unidades da PUC-PR em Curitiba, Londrina, Maringá e Toledo. Veja as demais instituições do estado.
- Pernambuco: expediente na UFPE, IFPE, UPE e UFRPE seguem cancelados, assim como em algumas universidade particulares. Aulas na rede estadual estão mantidas.
- Rio de Janeiro: as 5 maiores universidades públicas estão com aulas suspensas. Estácio de Sá, Cândido Mendes, ESPM, IBMR e Veiga de Almeida também não abrem as portas. Rede municipal não opera, mas escolas estaduais abrem normalmente.
- São Paulo: USP, Unesp e Unicamp suspenderam aulas; Etecs e Fatecs delegaram a cada unidade avaliar se as atividades são mantidas ou não. Veja a situação na região de Campinas, na região de Piracicaba e na Baixada Santista.
- Rio Grande do Sul: pelo menos 10 universidades começam a semana sem aulas. O ensino básico em Porto Alegre funciona.
- Rio Grande do Norte: as atividades administrativas e aulas foram suspensas em 10 dos 21 campi do IFRN.
- Santa Catarina: unidades das redes pública e privada estão com funcionamento interrompido. Veja a lista
- Sergipe: escolas da rede estadual estão fechadas no estado, mas alunos da rede municipal de Aracaju têm atividades normais. A UFS suspendeu as aulas.
- Tocantins: UFT, Unitins e IFTO anunciaram suspensão. Em Araguaína, aulas na rede municipal serão suspensas a partir da terça-feira (29). Em Palmas, a rede municipal funciona.
Alimentos

Agroindústria estima prejuízo em mais de 3 bilhões de reais por causa da greve
Assim como os combustíveis, os mercados e feiras também devem levar algum tempo para retomar a oferta normal de alimentos nos lugares em que o tráfego já foi liberado.
O abastecimento de carne de aves e suínos pode demorar até dois meses para se normalizar depois que for encerrada a greve, segundo os produtores. Nos lugares onde ainda há itens frescos, o preço aumentou.
Para os produtores, o prejuízo também é grande. Os fabricantes de leite já descartaram mais de 300 milhões de litros por causa da falta de transporte.
- Alagoas: Itens da cesta básica custam mais que o dobro de um supermercado para outro em Maceió, segundo o Procon.
- Distrito Federal: ladrões arrombaram a despensa de uma escola e levaram leite, arroz, óleo e carnes congeladas que seriam usadas na merenda.
- Espírito Santo: caminhões com alimentos voltaram a entrar nas centrais de abastecimento.
- Goiás: abastecimento no Ceasa está comprometido em 30%, e uma loja do McDonald’s fechou as portas por falta de produto.
- No Mato Grosso, o estoque da Ceasa de Cuiabá deve durar apenas mais um dia. Todos os 27 frigoríficos do estado suspenderam os abates de bovinos.
- Mato Grosso do Sul: a Ceasa-MS recebeu 40 caminhões, mas ainda tem preços elevados.
- Pará: central recebeu na madrugada coentro, quiabo, couve, caruru, chicória, vagem, mamão, abacaxi, laranja, ovo, cebolinha, jambu, pimenta de cheiro.
- Paraíba: situação crítica na capital e interior. Preço da batata já aumentou cerca de 200%.
- Paraná: As Ceasas de Curitiba, Londrina e Cascavel estão paradas, com prateleiras praticamente vazias, de acordo com a administração das centrais.
- Pernambuco: dos 540 caminhões previstos para abastecer o Ceasa/PE, chegaram 185 até as 6h30 desta segunda-feira.
- Rio de Janeiro: nenhum caminhão chegou na Ceasa até às 7h. Em vez de deixar vazio o setor de frutas e hortaliças, um mercado em Niterói ocupou as prateleiras com café e torradas. Nos pavilhões do Ceasa, uma caixa de tomates, cujo preço é R$ 60, era vendida por R$ 150.
- Rio Grande do Norte: No Ceasa de Natal, algumas lojas não abriram as portas. Os preços dispararam e alguns produtos tiveram reajuste de 250%. A batata, por exemplo, que era vendida a R$ 2 o quilo, subiu para R$ 7.
- Rondônia: estoque de frutas e vegetais no estado está quase zerado, segundo o sindicato. O prejuízo para o setor é estimado em R$ 1 milhão.
- Santa Catarina: o desabastecimento está em torno de 85% na Ceasa.
- São Paulo: o volume de negócios no entreposto da Ceagesp, na Zona Oeste de São Paulo, caiu 90% em relação a um dia normal.
- Tocantins: na maioria dos supermercados das principais cidades não há mais verduras e frutas. Na Ceasa, itens como ovos, batata, cebola, cenoura estão em falta.
Saúde

Greve dos caminhoneiros também afeta a saúde pública; muitas cirurgias foram canceladas
Uma carta assinada por 106 hospitais privados em todo o país informou não ser mais possível garantir o cuidado a pacientes a partir desta segunda-feira (28) se a paralisação continuar.
As entidades citam dificuldade de acesso para médicos e funcionários, além de falta de alimentos, ambulâncias paradas, problemas no recolhimento de lixo.
Os hospitais e unidades de saúde públicos já sofrem com falta de combustível e materiais, o que causa cancelamento de cirurgias agendadas e outros atendimentos:
- São Paulo: cirurgias eletivas nos hospitais municipais estão adiadas, para guardar insumos para os atendimentos de urgência e emergência. Também está suspensa a remoção de pacientes para exames eletivos e de rotina nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Em Campinas, um transplante de fígado foi suspenso no Hospital das Clínicas da Unicamp por causa da limitação das bolsas de sangue.
- Goiás: ambulâncias do Samu e hospitais têm condições de operar até sábado (2), mas algumas cirurgias eletivas foram suspensas no interior do estado por falta de insumos. Nas farmácias, o estoque está limitado.
- Distrito Federal: suspendeu atendimento primário nas UBS, ambulatórios de especialidade e cirurgias programadas. Os servidores dessas áreas vão reforçar urgências e emergências.
- Minas Gerais: cirurgias foram suspensas e ambulâncias circulam com restrição.
- Rio de Janeiro: cirurgias eletivas estão suspensas na rede estadual, estoque de sangue está baixo no Hemorio com falta de doadores.
- Santa Catarina: cirurgias agendadas estão suspensas na rede estadual e em 15 hospitais particulares ou filantrópicos.

Hospitais de várias capitais cancelam cirurgias agendadas para priorizar emergências
Outros serviços
- Correios: cerca de 85% das correspondências não foram entregues no Espírito Santo.
- Gás de cozinha: em Goiás, 95% das distribuidoras registram a falta do produto, que já chega a R$ 100. Na Paraíba, o preço do botijão bateu R$ 130. Em Pernambuco, o exército está escoltando caminhões com gás. No Distrito Federal, a situação só deve normalizar no fim de semana.
- Coleta de lixo: algumas regiões de Belo Horizonte não terão coleta nesta segunda. No interior, do Rio GRande do Sul, algumas cidades também suspenderam a coleta. No ABC paulista, a operação dos caminhões de lixo em São Bernardo do Campo e Santo André foram impactadas. Um hospital da zona norte do Rio acumula lixo há 5 dias.
- Telefonia e internet: empresas de telecomunicação dizem que a falta de combustível afeta a capacidade de fazer manutenção e ativações – uma delas chegou a pedir à Anatel o abastecimento preferencial da frota nos mesmos moldes da polícia.
- Justiça: o TRT4 suspendeu prazos processuais e não realizará audiências até a quarta-feira (30). As sessões de segunda instância serão mantidas até segunda ordem.