x-presidente do Congresso Nacional e aliado do Palácio do Planalto, o novo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), afirmou nesta sexta-feira (10) que o governo do presidente Michel Temer não pode ficar “exposto” ao grupo político liderado pelo deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente preso em Curitiba (PR).
Nos últimos dias, os colunistas do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti e Cristiana Lôbo informaram que Renan está insatisfeito com o governo.
Na noite desta quinta (9), Temer chamou o senador ao Planalto e os dois se reuniram por cerca de uma hora e meia.
“Eu disse ao presidente. Como os fatos apontam nessa direção, eu só temo é que essa influência [de Cunha sobre o governo]se amplie e se exerça no dia a dia, sem que o próprio presidente da República tenha a percepção do que é que está acontecendo”, afirmou o senador.
“Esse grupo originário que tem como líder e chefe o Eduardo Cunha, que as pessoas vão a Curitiba para saber o que ele orienta, o que ele recomenda, o governo não pode ficar exposto a isso. Não pode ficar exposto a isso, e o PMDB não concordará que o governo continue a ser influenciado por Eduardo Cunha”, acrescentou Renan Calheiros.
Mais cedo, nesta sexta, Temer concedeu uma entrevista à rádio CBN na qual disse que “não há influência nenhuma” de Eduardo Cunha sobre o governo.
Como presidente do Senado e da Câmara, Renan e Cunha trocaram farpas públicas em várias ocasiões. Nesta semana, o senador se reuniu com o ministro da Secretaria-Geral, Moreira Franco, e, segundo a colunista do G1 e da GloboNews Cristiana Lôbo, demonstrou contrariedade com decisões do governo.
Renan chegou, ainda, a ironizar o subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha, ex-advogado de Cunha, ao dizer que o ministro da pasta, Eliseu Padilha, submetido a uma cirurgia, deve voltar ao trabalho antes que Cunha “sente” Rocha no comando do ministério.
Aliados de Cunha
Na entrevista desta sexta, Renan aproveitou para dizer que o presidente Michel Temer, por ter sido presidente do PMDB, não pode permitir que o partido “seja rebaixado” a ter André Moura (PSC-SE) e Carlos Marun (PMDB-MS) como “porta-vozes”.
Moura e Marun são aliados de Eduardo Cunha. Atualmente, André Moura é o líder do governo no Congresso Nacional e Marun, presidente da comissão especial da Câmara que analisa a proposta de reforma da Previdência Social.
Reforma da Previdência
Renan Calheiros disse ainda que o PMDB vai colaborar com o governo Temer, pois é preciso fazer reformas e avançar nessa agenda.
Ao se referir à reforma da Previdência, contudo, o senador afirmou que as propostas do presidente, como o tempo de contribuição de 49 anos para aposentadoria integral, são “exageradas”.
“Fernando Henrique fez a reforma da Previdência, Dilma fez reforma da Previdência, Lula fez reforma da Previdência, o presidente Temer vai ter que fazê-la também. Mas não será uma reforma definitiva, que vai resolver o problema de caixa, a questão fiscal. A reforma da Previdência tem que se fazer pensando no longo prazo, mas não pode ser uma reforma desumana, que o objetivo é resolver um problema fiscal, circunstancial, assim não dá”, acrescentou.