Os depoimentos de três ex-diretores da Odebrecht no processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a chapa Dilma-Temer dão uma noção do volume de recursos de propina movimentado na tal conta-corrente entre governo petista-Odebrecht, segundo os delatores: algo da ordem de R$ 300 milhões. Mas chama a atenção personagem central nessa discussão: o ministro da Fazenda.
Pelos depoimentos, vê-se que a função de avalista dos acordos era a autoridade econômica do país, o ministro da Fazenda pois esta era a função de Antonio Palocci. Depois que ele deixou o cargo, a tarefa passou a ficar com seu sucessor no cargo, Guido Mantega.
Segundo os depoimentos, os dois ministros petistas atuaram, ao longo do período em que ocuparam o cargo de comandante da economia brasileira, também como defensores dos cofres dos partidos para assegurar os pagamentos das campanhas petistas.
Em determinado momento, chega a ser curioso o pedido de Mantega para que Marcelo Odebrecht pagasse pelos serviços de João Santana, em 2012. O empresário respondeu: “Nós não financiamos candidatos municipais, só eleição presidencial”. Mas acabou pagando atrasados ao publicitário.
Também chega a ser impressionante no depoimento de Marcelo Odebrecht quando ele relata que a então presidente Dilma Rousseff tinha conhecimento de que cabia a ele fazer pagamentos a João Santana.
Era uma conta-corrente, também, com o publicitário do PT que foi o responsável pelas campanhas petistas, mas também dava assistência à presidente ao longo do mandato.
Levou a assinatura dele, por exemplo, o Pronunciamento à Nação de Dilma, em 2012, quando ela, ouvindo apenas o publicitário, anunciou o programa de redução das tarifas de energia.
Ali, ela garantiu recuperação de popularidade, e a conta chegou este ano, no valor de R$ 62 bilhões.
Esses três depoimentos são apenas o começo das delações da Odebrecht que poderão ser conhecidas a partir da semana que vem.
Cristiana Lobo/G1