O juiz federal Sérgio Moro ouviu o dono da empreiteira UTC, e delator da Operação Lava Jato, Ricardo Pessoa e o engenheiro Marcos Berti, ligado à Toyo Setal, também investigada na operação, na tarde desta segunda-feira (8). A ação penal tem como um dos principais réus o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é acusado de receber o terreno onde seria construído a nova sede do Instituto Lula como propina.
Os interrogatórios devem continuar até o dia 07 de junho. Entre as testemunhas convocadas estão executivos da Odebrecht, Camargo Corrêa e Toyo Setal e dos ex-diretores da Petrobras, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.
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No depoimento, Pessoa voltou a reafirmar que os pagamentos de propina eram feitos porque eram forçados. “Éramos incitados a colaborar… Colaborar tanto para o Partido Progressista [PP], através do diretor Paulo Roberto, [José] Janene e depois ficou a cargo de Alberto Yousseff. E na diretoria de Serviços, uma parte ficava dentro da ‘casa’, dentro da própria companhia, com [Pedro] Barusco, [Renato] Duque e [João] Vaccari, que ia para o Partido dos Trabalhadores [PT]. Por que se pagava isso? Porque éramos cobrados”, declarou.
O delator também comentou sobre os valores pagos diretamente ao diretório dos partidos. Questionado sobre o relacionamento com Lula, o delator afirmou que não tratou de pagamentos de propina com o ex-presidente.
Também delator, o engenheiro Marcos Berti, ligado à Toyo Setal, esclareceu fatos relacionados a combinações de preços para as licitações da Petrobras. “Existia uma lista de projetos da Petrobras e nessas reuniões a gente discutia qual empresa seria eleita para ganhar a concorrência”, declarou. Existiam 16 empresas que integravam o grupo para divisão de obras, entre elas a Odebrecht, Andrade Gutierrez, UTC, Setal, Queiroz Galvão e outras, de acordo com o delator.
Segundo a denúncia, parte dos pagamentos de propina supostamente foram tratados por Antonio Palocci e Branislav Kontic para o ex-presidente Lula. A Procuradoria da República afirma que Palocci e seu assessor mantinham contato com Marcelo Odebrecht sobre a instalação do “institucional pretendido pelo ex-presidente”.
Denúncia
O Ministério Público Federal (MPF) acusa o ex-presidente de receber o terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula como propina. Os imóveis teriam sido comprados pela Odebrecht em troca de contratos com a Petrobras, no valor total de R$ 12 milhões, até novembro de 2012, segundo os procuradores.
Lula responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mais sete pessoas são rés nesse processo, entre eles o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto e o ex-presidente da OAS, José Aldemário Filho.
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