O cientista político Peter Birle, do do Instituto Ibero-americano de Berlim.Reprodução Facebook
O RFI Convida conversou com Peter Birle, cientista político do Instituto Ibero-americano de Berlim, que analisou a repercussão internacional e as implicações políticas internas da condenação em primeira instância do ex-presidente Lula pelo juiz Sérgio Moro.
(Para ouvir a entrevista na íntegra, basta clicar acima na foto do entrevistado)
“Acho que a notícia da condenação do ex-presidente Lula chega num momento muito difícil da política em toda vida brasileira porque há o presidente Temer que pode ser deposto por corrupção, muitos políticos também são acusados, numa sociedade muito dividida, numa situação econômica e social muito complicada”, analisa Peter Birle.
“É um momento difícil. A condenação do ex-presidente Lula, que foi um presidente muito popular e carismático, muito amado pelos pobres, e uma espécie de ídolo da esquerda latino-americana e até mundial. Então a notícia da condenação do ex-presidente é como uma bomba, não?”, questiona o cientista político.
“Parte do problema, não da solução”
“Tenho a impressão que estamos observando o que acontece no Brasil com muitas perguntas. Por um lado, a situação depois do escândalo de corrupção, muita gente pergunta se o juiz que usa tanta diligência contra o ex-presidente Lula, se ele está usando a mesma diligência contra os políticos de primeiro plano da vida nacional. Temos a impressão de que as pessoas não são tratadas da mesma forma, com os mesmos metros e medidas”, afirma.
“A situação econômica e social é muito complicada. Não podemos reduzir a situação do país aos problemas do ex-presidente Lula. Outra coisa que vemos também são muitos antipolíticos populistas da direita que podem se aproveitar agora do que está passando com Lula”, completa.
“Seguramente, se o Tribunal regional em Porto Alegre não vai condenar Lula na segunda instância, ele será candidato. Se não responder a outra condenação, os outros quatro processos. Mas, pensando um pouco no futuro do país, e acho que deveria haver um ‘plano B’, sem Lula. Mesmo se 30% da população dizem que votariam em Lula agora, existem 50% que rechaçam absolutamente a sua candidatura. Tenho muita simpatia pelo ex-presidente Lula e pelas reformas de sua presidência, mas acho que ele será transformado em parte do problema, e não da solução.