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Delator diz que acertou com Padilha entrega de dinheiro vivo em 2014

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O ex-funcionário da Odebrecht José Carvalho Filho afirmou nesta sexta-feira (10), em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negociou, em 2014, diretamente com o atual chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o repasse de R$ 4 milhões da empreiteira. O dinheiro em espécie, segundo o delator, seria entregue em endereços indicados por Padilha.

Pelo relato feito nesta sexta-feira (10) ao ministro Herman Benjamin – relator no TSE da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer –, Padilha indicou endereços que Carvalho levou a Maria Lucia Tavares, secretária que atuava no departamento de propina da Odebrecht.

 

Ela forneceu senhas para que Carvalho repassasse a Padilha. As senhas deveriam ser usadas por quem recebesse os R$ 4 milhões.

Segundo Carvalho, ficaram acertadas senhas para valores diferentes:
13/8: R$ 1,5 milhão (foguete);
2/09 – R$ 1 milhão (árvore);
4/9 – R$ 1 milhão (morango);
10/9 – R$ 1 milhão (agenda);
1º/10 – R$ 500 mil (pinguim).

 

Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o ministro Eliseu Padilha informou que está em repouso por recomendação médica e que não irá se manifestar.

O delator revelou nos depoimentos dois endereços para a entrega desses valores: o do dia 4 de setembro correspondia ao escritório de José Yunes, amigo do presidente Michel Temer, que pediu demissão do cargo de assessor especial da Presidência ao ser citado em delação de executivo da Odebrecht. E deveria ser entregue a Yunes ou a Cida. O delator não especificou quem seria Cida.

A entrega de outubro – referente aos últimos R$ 500 mil –, seria em um endereço localizado na rua Jerônimo da Veiga, 248, apartamento 1101, em São Paulo. E deveria ser entregue em nome de Altair Zabo. O endereço corresponde a um hotel.

Carvalho disse ao TSE que Maria Lucia chegou a lhe mostrar um recibo para comprovar que a encomenda no escritório de Yunes tinha sido recebida por Cida.

Ele também relatou que, durante as tratativas, recebeu uma ligação do agora ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na qual o peemedebista o xingou e cobrou o repasse de R$ 500 mil.

O delator relatou a Claudio Melo Filho, que ocupava o cargo de vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, sobre a ligação de Cunha.

 

Melo Filho, por sua vez, falou sobre o episódio com Padilha, que teria dito que resolveria o assunto com Eduardo Cunha.

Não ficou claro o motivo de a soma dos repasses ter dado R$ 5 milhões. Mas, segundo fontes ouvidas pelo Blog, a avaliação é de que o valor foi ajustado e repassado durante a confusão que se deu a partir da cobrança de Cunha.

 

Em nota, o advogado José Luiz Oliveira Lima, que defende José Yunes, disse não ter conhecimento do teor do depoimento de José Filho, mas afirmou que o seu cliente “prestou todos esclarecimentos devidos ao MPF e está à disposição das autoridades competentes para elucidar qualquer fato”.

 

O advogado Juan Viera, que representa Maria Lúcia Tavares, disse que ela somente se posicionará perante as autoridades competentes.

 

Por telefone, o advogado Ticiano Pinheiro, que defende Eduardo Cunha afirmou que “mais um delator faz afirmação sem comprovação do que diz e busca a qualquer preço inserir Eduardo Cunha em atos ilícitos e não consegue, novamente, identificar de forma objetiva e concreta a prática de tais atos ilícitos e agora até de forma contraditória”.

 

O PMDB afirmou que “sempre recebeu doações de campanha dentro da legalidade e que todas as contas foram todas aprovadas pelos órgãos competentes”.

 

Por meio de nota, a Odebrecht disse não se manifesta sobre eventuais tratativas com a Justiça e reafirmou “seu compromisso de colaborar com as autoridades. A empresa está implantando as melhores práticas de Compliance, baseadas na ética, transparência e integridade”, diz a nota.

G1

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