José Dirceu de Oliveira (PT), 72 anos, e Aécio Neves (PSDB), 58, despedem-se de dois sonhos. Dirceu, de permanecer em liberdade. Aécio, de se reeleger senador nas eleições de outubro.
Ex-presidente do PT, coordenador geral da campanha que elegeu Lula presidente em 2002, e ex-ministro da Casa Civil da presidência da República, Dirceu está pronto para voltar à prisão.
Ex-presidente da Câmara, ex-governador de Minas Gerais, candidato a presidente da República em 2014 derrotado por poucos votos, Aécio ainda alimenta a esperança de concorrer a uma vaga de deputado.
Na próxima quinta-feira, deverá ser julgado o último recurso da defesa de Dirceu contra sua condenação a 30 anos e nove meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Esta tarde, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal deverá aceitar denúncia contra Aécio que assim se tornará réu por crimes de corrupção passiva e de tentativa de obstruir investigações no caso do Grupo JBS.
Alvo de nove inquéritos, Aécio não ficará impedido de disputar eleições. Mas na condição de réu, acusado de receber propina de R$ 2 milhões, suas chances de se reeleger senador serão próximas de zero.
Dirceu sai de cena atirando. Ontem à noite, reunido em Brasília com cerca de 100 militantes do PT, criticou duramente o juiz Sérgio Moro e pediu ao partido que não se preocupe com ele, mas com Lula.
– Vocês podem ver que eu me cuidei. Eu sou um soldado, temos que libertar o Lula. Temos que enfrentá-los e não baixar a cabeça. Eles têm que ter certeza que vamos ressurgir das cinzas – pregou.
Aécio resiste a sair de cena apelando à boa vontade dos juízes e do distinto público. “Cometi um erro, mas não cometi crime. Não teve dinheiro público, ninguém foi lesado, só minha família”, disse.
– Não serão 20 minutos de uma conversa infeliz que vão definir minha história. Minha história será definida pelos 32 anos de mandato servindo o meu Estado – arrematou.
Pelo menos uma vez, Dirceu e Aécio estiveram do mesmo lado. Foi em 2005 quando o escândalo do mensalão quase pôs abaixo o governo Lula. Os dois atuaram juntos para salvar o presidente ameaçado.

José Dirceu, ex-ministro do governo Lula (Rodolfo Buhrer/Reuters)
