O primeiro turno das eleições presidenciais na França acontece neste domingo cercado de expectativa.
Quase 47 milhões de eleitores franceses devem comparecer às urnas.
O pleito é considerado crucial para definir o futuro da União Europeia (UE).
Com vários candidatos antieuropeus, que prometem a saída da França do bloco, e inúmeros outros que defendem mudanças profundas, a votação poderá resultar no enfraquecimento ou até mesmo no fim da UE e da zona do euro.
A França, juntamente com a Alemanha, é um dos países fundadores da UE e chamada de “locomotiva” da construção do bloco.
Entre as propostas dos candidatos estão desde a demissão de servidores à redução da idade mínima da aposentadoria, passando pela legalização da maconha.
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Conheça os principais candidatos e suas propostas:
Marine Le Pen, da Frente Nacional (extrema direita)
-Suprimir o ‘direito de solo’ para aquisição da nacionalidade francesa. Diferentemente do ‘direito de sangue’, o direito de solo é o princípio pelo qual uma nacionalidade pode ser reconhecida a um indivíduo de acordo com seu lugar de nascimento
-Proibir o uso de símbolos religiosos em todos os espaços públicos e incluir o veto na legislação trabalhista.
-Reimplantar a idade mínima para aposentadoria para 60 anos em vez dos 62 atuais.
-Inscrever na Constituição a “prioridade nacional”, com criação de impostos sobre novas contratações de trabalhadores estrangeiros
-Reduzir drasticamente a imigração legal de cerca de 200 mil pessoas por ano, atualmente, para apenas 10 mil
-Retirar a nacionalidade francesa de pessoas com dupla nacionalidade investigadas por ligações com o islamismo radical
-Reduzir o número de parlamentares, atualmente de 577 deputados e 348 senadores, para 300 e 200, respectivamente
-Criar uma taxa adicional de 3% sobre importações de países que praticam concorrência desleal, o chamado “protecionismo inteligente”
Emmanuel Macron, do Em movimento! (centrista)
-Exigir ‘ficha limpa’ de candidatos e proibir que parlamentares contratem familiares
-Suprimir 120 mil vagas de servidores
-Restabelecer o serviço militar obrigatório
-Reduzir a proporção dos gastos públicos em relação ao PIB, com corte de 60 bilhões de euros (R$ 202 bilhões) durante os cinco anos de mandato
-Implementar um plano de investimento de 50 bilhões de euros (R$ 169 bilhões), incluindo incentivos à formação profissional e à transição energética
-Aumentar as pensões mínimas de aposentadoria em 100 euros (R$ 350,00) por mês.
-Criar 15 mil vagas de prisão e contratar 10 mil policiais civis e militares
-Criar mecanismo de controle de investimentos estrangeiros em setores industriais estratégicos
-Lutar contra a otimização fiscal de grandes grupos de internet
Jean-Luc Mélenchon, da França Insubmissa (extrema esquerda)
-Aumentar o salário mínimo em 16% para 1,3 mil euros líquidos (R$ 4,4 mil)
-Implementar novas faixas do Imposto de Renda e criar alíquota de 90% para ganhos acima de 34 mil mensais (R$ 115 mil)
-Reimplantar idade mínima para aposentadoria para 60 anos em vez dos 62 atuais.
-Reunir uma Assembleia Constituinte para escrever, sob o controle dos cidadãos, uma nova Constituição.
-Contratar pelo menos 60 mil professores, além de policiais e funcionários do serviço hospitalar.
-Tirar a França da OTAN (Aliança do Tratado do Atlântico Norte), da OMC (Organização Mundial do Comércio), do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial.
-Tornar inelegível para sempre políticos condenados por corrupção e permitir, por plebiscito, a revogação de mandatos políticos, inclusive do presidente
-Investir 100 bilhões de euros (R$ 350 bilhões) em projetos de moradia, ecológicos e serviços públicos.
François Fillon, de Os Republicanos (direita tradicional)
-Demitir 500 mil servidores
-Acabar com a atual jornada de trabalho de 35 horas semanais, permitindo que cada empresa decida por meio de convenções coletivas. Em média, os franceses já trabalham 39 horas, mas isso é compensado com o pagamento de horas extras ou dias de folga
-Inscrever na Constituição o princípio de cotas de imigração e reforçar o direito do solo, impondo uma série de condições, como escolarização e ausência de condenação penal
-Aumentar a idade mínima de aposentadoria para 65 anos em vez dos 62 atuais
– Suprimir os regimes especiais de aposentadoria
-Reduzir os gastos públicos em 100 bilhões de euros (R$ 350 bilhões) no período de 5 anos
-Acabar com o Imposto de Solidariedade Sobre a Fortuna (ISF), cobrado de quem possui patrimônio superior a 1,3 milhão de euros (R$ 4,4 milhões). O ISF gera receitas de mais de 5 bilhões de euros (R$ 17 bilhões)
Benoît Hamon, do Partido Socialista (esquerda tradicional)
-Criar a chamada Renda Universal de Existência para pessoas (de jovens a aposentados) que ganham pouco menos de dois salários mínimos por mês (2,2 mil euros ou R$ 7,4 mil), com um complemento de renda de algumas centenas de euros
-Investir 3% do PIB em pesquisas e desenvolvimento e 2% do PIB na Defesa.
-Dar prioridade ao “made in France”
-Criar uma taxa suplementar sobre os lucros de multinacionais
-Aumentar a pensão mínima de aposentadoria em 10%
-Autorizar a eutanásia
-Legalizar o consumo da maconha para maiores de idade
-Contratar 40 mil professores
-Manter a cobertura de saúde de imigrantes ilegais e em situação precária, que representa gastos de cerca de 800 milhões de euros (R$ 2,7 bilhões) por ano
-Reforçar o controle de gastos de parlamentares
-Realizar plebiscito sobre o direito de votos dos estrangeiros (atualmente, apenas europeus podem votar em eleições municipais e europeias na França)
BBC BRASIL