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Crise econômica tira blocos tradicionais do Carnaval de Salvador

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A crise econômica que atinge o país começa a trazer reflexos ao Carnaval baiano. Blocos tradicionais como Cheiro de Amor, Nana Banana, Araketu e Yes anunciaram que não vão participar da folia em 2017 por conta da falta de patrocinadores e da instabilidade financeira.

O Coruja e o Largadinho, que desfilavam três dias, também decidiram reduzir a participação para apenas duas passagens na avenida. Em nota, o grupo Cheiro comunicou que este ano não haverá os blocos Cheiro e Yes, e que estes “se reservarão a um ano de descanso, motivado pela grave crise financeira que vivemos e as consequências dela”.

A banda Cheiro de Amor, contudo, não ficará de fora da festa e vai desfilar sem cordas no circuito Osmar (Campo Grande), no domingo (26). “Diante do cenário existente de crises e dos novos caminhos que o Carnaval tomou, colocar um bloco na rua se tornou um grande desafio, que a nossa estrutura não está confortável em encarar este ano”, justificou o Cheiro de Amor.

NANA SEM CHICLETE

A banda Chiclete com Banana também atribuiu sua ausência ao cenário de crise e não estará presente na avenida este ano –nem mesmo com o bloco Nana Banana, um dos mais disputados da folia soteropolitana, comandado até 2014 pelo cantor Bell Marques, agora em carreira solo.

Apesar de constar na ordem de apresentação oficial divulgada pelo Comcar (Conselho Municipal do Carnaval), o grupo informou que a decisão de o bloco ficar fora do Carnaval foi tomada depois da definição da ordem das atrações.

A banda Chiclete com Banana, no entanto, se apresenta na sexta (24) em dois camarotes: o Salvador e o Nana, ambos no circuito Barra-Ondina. Depois, segue para fazer shows no interior de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Depois da saída de Bell Marques, o bloco desfilou por dois anos com a nova formação do Chiclete, em novo horário e com um público mais popular. Bell será o único artista a puxar blocos durante os cinco dias da folia momesca: sexta e sábado no Vumbora; domingo, segunda e terça no Camaleão. Ele ainda participa de um arrastão na quarta, na abertura da festa, também, nos camarotes Skol e Nana Banana. Na terça, o cantor toca em Recife.

IVETE E CLAUDIA LEITTE

Até mesmo as maiores estrelas da axé music reduziram a participação na maior festa de rua do planeta. O tradicionalíssimo bloco Coruja, que antes saía três dias com Ivete Sangalo como headliner, reduzirá para apenas dois. Este ano, o bloco estará no domingo na avenida com a Timbalada e na segunda, na Barra, com a própria Ivete. Outro bloco da cantora, o Cerveja e Cia, que sempre saiu três dias, este ano sairá apenas no sábado, no circuito Barra-Ondina.

O Baby Léguas, bloco alternativo do Papaléguas, sairá pela primeira vez na sexta como Blow Out, nova aposta de Claudia Leitte. Ela também reduziu sua presença na programação e estará apenas no domingo e na terça no Largadinho.

Ainda na sexta, ela comanda o bloco Inter, que desfilará dois dias no Campo Grande, e no domingo e na terça com o Psirico. Em outros anos, este trio foi puxado por Asa de Águia e Timbalada. O clássico bloco Eva também mudou e sairá somente na sexta e sábado.

BLOCOS AFRO

As tradicionais agremiações afro também sentem as consequências da crise. O Olodum, que desfilava por três dias, sairá apenas na sexta no Campo Grande e no domingo na Barra.

Já o bloco Araketu, que saía sempre no sábado, no domingo e na terça, não vai desfilar em trio este ano. Depois de 36 anos na avenida, a banda vai fazer apenas fazer uma batucada com sopro e percussão no chão, no dia 23 de fevereiro (quinta), na Barra, e depois embarca para duas apresentações no Pará.

Segundo Cristiano Lacerda, empresário do grupo, o custo médio diário para colocar um bloco na rua é de R$ 350 mil. Ele conta que além das taxas, pesam outros gastos com divulgação, logística, segurança, cordeiros, bem como cachês da banda e equipe de apoio.

“Mesmo que vendêssemos quatro mil abadás a R$ 100, não daria lucro. Procuramos patrocínio junto a cervejarias e empresas de telefonia, mas a crise falou mais alto, então ficou financeiramente inviável”, lamenta.

Ainda de acordo com Lacerda, a falta de apoio público, os altos valores cobrados pelos fornecedores e a retirada de alguns patrocinadores inviabilizam o desfile. “Tudo isso envolve sentimento e é muito frustrante, mas pode ser um sinal de alerta para repensarmos o formato da festa. Às vezes é necessário dar um passo pra trás pra depois dar dois pra frente”, pondera.

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