Por Bibiana Dionísio e Dulcineia Novaes, G1 PR e RPC, Curitiba
O coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, procurador Deltan Dallagnol, afirmou nesta sexta-feira (28) que o ministro da Justiça Torquato Jardim precisa demonstrar com atitudes que apoia a operação e que existe um enfraquecimento dos trabalhos diante do corte orçamentário na Polícia Federal (PF).
“É preciso que o ministro da Justiça apoie a Lava Jato com mais do que palavras. Hoje as suas palavras são desmentidas pelo o que acontece de fato. O que acontece de fato é uma redução dos quadros da Lava Jato. É um sufocamento da Lava Jato. Nós precisamos que se o ministro da Justiça diz apoiar, que ele, com atitudes, demonstre o que ele disse”.
Na quinta-feira (27), Torquato Jardim afirmou que contingenciamento de recursos da Polícia Federal pode interferir nas operações. Ele disse que este corte no orçamento poderá fazer com que a Polícia Federal selecione quais operações deverá realizar, uma vez que não deverá ter recursos para realizar todas.
Segundo Dallagnol, ao mesmo tempo em que o ministro diz apoiar a Lava Jato, o número de delegados federais foi reduzido à metade. “Isso causa sim prejuízo concreto às investigações. Há uma série de linhas de investigações que está parada ou andando de modo lento quando elas já poderiam estar avançadas”.
O coordenador da força-tarefa citou que das últimas sete fases deflagradas, seis foram pedidas pelo Ministério Público Federal (MPF) e uma pela Polícia Federal.
“Se a Policia Federal estivesse com os recursos humanos, estivesse com uma equipe adequada, nós teríamos ao invés de sete, teríamos 12 operações: seis do Ministério Público Federal e seis da Polícia Federal”, exemplificou.
Na avaliação do procurador existe um enfraquecimento da força de trabalho. Ele mencionou que a operação denunciou até o momento mais de 280 por crimes como obstrução da justiça, organização criminosa, lavagem de dinheiro e, especialmente, corrupção.
Decisão administrativa
Em 6 de julho, a Polícia Federal divulgou o encerramento do grupo de trabalho exclusivo da Operação Lava Jato na capital paranaense. A equipe passou a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor).
A Polícia Federal tem afirmado que a medida não causa projuízo aos trabalho e que a decisão foi puramente administrativa.
Ao anunciar as mudanças, a Polícia Federal afirmou que a Delecor passou a contar com 84 policiais, sendo 16 delegados. Do total de delegados, quatro atuam no Espírito Santo, sendo que dois deles já participaram da Lava Jato anteriormente.