Sem ônibus devido à sequência de ataques aos coletivos em Fortaleza, o transporte alternativo e táxi estão mais caros nesta quarta-feira (19). Em alguns casos, o custo chega a triplicar, como no caso de uma corrida de Uber.
No terminal de ônibus do Papicu, esvaziado e sem nenhum ônibus, as pessoas tentam uma forma de voltar para casa, mas enfrentam preços superfaturados com mototaxistas. As bicicletas do programa Bicicletar nas estações próximas ao terminal também estão todas alugadas.
Sem alternativas a preços populares, há quem esteja sem opção para voltar para casa. “Cheguei aqui, era 16h, mas não sei como é que vou pra casa. Eu moro no Barroso, onde queimaram um ônibus hoje. Vim andando da Avenida Padre Antônio Tomás pra cá. Tô vendo se consigo alguma carona, se não vou ter que dormir aqui”, diz a doméstica Maria de Jesus.
Uma pessoa que costuma pagar R$ 25 para voltar para casa de mototáxi foi informado de que o preço nesta quarta seria R$ 60. Questionado pelo G1, o profissional respondeu apenas “vai quem quer, né, irmão?”.
Já os taxistas foram flagrados pelo G1 fazendo corridas sem a medição pelo taxímetro, o que é obrigado por lei. Em alguns casos, o taxista junta quatro interessados em ir ao mesmo bairro e cobra um valor por pessoa. Do terminal do Papicu para a Messejana, por exemplo, é R$ 10 por pessoa; e para o Siqueira, R$ 15 por pessoa.
No aplicativo Uber os preços também estão bem mais altos. Como o aplicativo altera o preço de acordo com a demanda, alguns percursos que normalmente têm preços entre R$ 10 e R$ 12, hoje estão custando acima dos R$ 40.
Com os preços abusivos, algumas pessoas estão contando com caronas de familiares e amigos, como o porteiro Daniel Ferreira. “Andei mais de 30 minutos da Praia de Iracema pra cá [terminal Papicu]. Estou esperando meu irmão vim me buscar, porque o táxi cobrou 60 reais pra minha casa.”
Ataques
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus) confirmou que pelo menos 12 ônibus foram atacados nesta quarta-feira (19) em diferentes bairros de Fortaleza e Região Metropolitana. Com estes ataques, subiu para 55 o número de veículos de transporte coletivo incendiados no estado desde 2014, conforme o sindicato das empresas de ônibus. Passageiros relatam que parte dos ônibus deixaram de circular.
Segundo o sindiônibus, um motorista sofreu queimaduras em um incêndio provocado no transporte em que estava.
A Secretaria da Segurança ainda não se pronunciou sobre o que teria motivado a série de ataques. Até o momento, não há confirmação de pessoas presas por envolvimento nos incêndios. Uma carta recolhida pela Polícia Militar na Barra do Ceará, em um dos locais onde um ônibus foi queimado, faz ameaças, e cita mudanças em presídios.