Mais de 700 pessoas foram detidas neste domingo (26) em uma manifestação contra a corrupção que reuniu milhares de pessoas no centro de Moscou, um protesto convocado pelo opositor Alexei Navalny, que também foi detido, informou a organização OVD-Info.
A informação foi divulgada no Twitter pela ONG especializada em acompanhar as manifestações. Navalny, um advogado de formação, denuncia há anos a corrupção das elites na Rússia em seu blog.
Ele obteve, em outubro 2013, 27,2% na eleição municipal em Moscou, mas sua candidatura se viu bloqueada por sua recente condenação a cinco anos de prisão com sursis por peculato.
Mais cedo, a polícia citou por volta de 500 detenções na passeata não autorizada, que os agentes tentaram dispersar com gás lacrimogêneo.
“Navalny foi detido na (praça) Mayakovskaya”, no trajeto da passeata proibida pelas autoridades, escreveu seu porta-voz Kira Yarmych no Twitter.
O opositor deve comparecer na segunda-feira a uma audiência com um juiz.
“Está tudo bem da minha parte, não vale a pena lutar por mim”, escreveu o próprio Navalny em sua conta no Twitter, antes de pedir a continuidade do protesto. “O tema hoje é a luta contra a corrupção”, completou.
A manifestação na rua Tversakia, uma das principais vias da capital russa, que leva ao Kremlin, foi proibida pelas autoridades, uma decisão questionada por Navalny.
Quase 8.000 pessoas participaram no protesto, segundo a polícia. Esta é uma das maiores manifestações dos últimos anos na Rússia.
Na Praça Pushkin, o protesto reuniu milhares de pessoas, constatou a AFP.
Em São Petersburgo, a segunda cidade russa (noroeste), cerca de 4.000 pessoas se reuniram, apesar da proibição das autoridades e uma presença massiva da polícia, constatou um jornalista da AFP.
Apesar das proibições oficiais em 72 das 99 cidades convocadas, foram planejadas ações e os russos foram às ruas.
Relatório
Alexei Navalny convocou as manifestações depois da publicação de um relatório acusando o primeiro-ministro Dmitry Medvedev de liderar um império imobiliário financiado pelos oligarcas.
“Todo o país está cansado da corrupção”, reclama Natalia Demidova, manifestante de 50 anos entrevistada pela AFP. “Medvedev deveria ter sido demitido assim que tudo foi revelado”.
“Eles roubam e mentem, mas as pessoas permanecem pacientes. Este evento é um primeiro impulso para as pessoas a começarem a agir”, afirma Nikolai Moissey, um operário de 26 anos.
Segundo o ministério do Interior, um policial foi hospitalizado depois de ser ferido na testa por um manifestante.